Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
ANÁLISE DA MORBIDADE HOSPITALAR DAS INTERNAÇÕES POR ANEMIA FERROPRIVA NA POPULAÇÃO PEDIÁTRICA NO BRASIL NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS
Abstract
Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico das internações, por anemia ferropriva, na população pediátrica, no SUS brasileiro, nos últimos cinco anos. Materiais e métodos: Realizou-se um estudo de base populacional, descritivo e de caráter retrospectivo, com dados obtidos a partir da plataforma DATASUS no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS), com ênfase em crianças de até 9 anos internadas, por anemia ferropriva, no Brasil, no período de maio de 2019 a maio 2024. Os dados foram filtrados a partir dos marcadores epidemiológicos: quantidade total de internações hospitalares, caráter de atendimento, valor médio da internação, tempo médio de permanência e número de óbitos. Ademais, a internação hospitalar foi estratificada por faixa etária, sexo e cor/raça. Por tratar-se de uma fonte de dados de acesso público, o estudo não necessitou de aprovação pelo comitê de ética em pesquisa e humanos. Resultados: No intervalo temporal analisado, foram notificados um total de 4135 internações por anemia ferropriva, sendo o maior número de registros no ano de 2023, 928 (22,44%) casos, seguido pelo de 2022 com 879 (21,25%) e por 2021 com 780 (18,86%). Quanto à faixa etária, destaca-se a de um 1 a 4 anos com 1.993 casos, seguida pela de menores de um ano com 1.993 e pela de 5 a 9 anos com 598. Em termos de atendimento, 94,53% foram de modo urgente, conferindo um valor médio por internação de R$634,93. Na faixa etária de menor de 1 ano, o gasto médio foi de R$1.137,55 com média de 4,7 dias de internação, sendo que dentre menores de 1 ano a média é de 6,3. Em relação ao número de óbitos, foram notificados um total de 21 casos, cujo ano de 2023 corresponde a maior soma, totalizando 8 mortes. Destes, menores de 1 ano registram 10 óbitos, seguida pela de 1 a 4 anos com 6 registros e a de 5 a 9 anos com 5 casos. O sexo feminino obteve 11 casos. Outro dado relevante é o predomínio do sexo feminino, representando 8,5% a mais que o masculino. Em relação à cor/raça, a parda predominou com 50,64% dos casos, enquanto 644 (15,57%) foram sem informação. Discussão: A tendência crescente do número de internações no período analisado constitui um desafio para o sistema de saúde do país tornando-se evidente a necessidade de reforçar a atuação dos serviços de saúde na prevenção da anemia ferropriva na população pediátrica e evidenciando a necessidade de aprimorar as estratégias de prevenção, educação nutricional e acesso a cuidados de saúde, visando enfrentar essa condição entre as crianças brasileiras. Tais atitudes devem, sobretudo, ocorrer na em crianças menores de um ano haja vista não só a maior vulnerabilidade e também por esta faixa etária incluir o maior número de óbitos dentre as analisadas, mas também por demandar maiores custos do SUS. Conclusões: Portanto, a análise do perfil epidemiológico das internações por anemia ferropriva, no SUS, é fundamental para o planejamento de políticas de prevenção e tratamento adequados a essa condição, com o fito de minorar possíveis complicações e prevenir o agravamento das mesmas. Para tanto, faz-se imprescindíveis medidas para diagnóstico precoce e condutas adequadas como o fomento à adoção de hábitos alimentares saudáveis e como a garantia à suplementação de ferro. Tais atitudes constituem meios para diminuir os casos de anemia ferropriva.