Acta Médica Portuguesa (Jun 1980)
Relação médico-doente e diagnóstico gastrenterológico intensivo.
Abstract
A rápida evolução tecnológica da Gastrenterologia na última década trouxe consigo alterações profundas dos quadros tradicionais da relação medico-doente. Tal como noutros campos da medicina, a actual promessa de rigor e rapidez de diagnóstico não tem correspondido a preocupação de obviar aos riscos humanos inerentes, no médico e no doente. Com base nas premissas de que o progresso da tecnologia médica não deve ser recusado nem aceite a qualquer preço, os AA. salientam, a partir da sua experiência de trabalho de equipa hospitalar, a necessidade de preservar a relação médico-doente em cada etapa do diagnóstico gastrenterológico intensivo. A complementaridade da psicoterapia e da pré-medicação, neste novo contexto, deve ser objectivamente avaliada. A experiência preliminar de uma abordagem psicológica num grupo de doentes ictéricos estudados por colangiografia endoscópica, pode constituir um exemplo metodológico adequado a ensaios prospectivos. A influência de factores psico-sociológicos múltiplos terá de ser considerada nas conclusões e na comparação com outros estudos recentes. Tornam-se necessários programas pré e pós-graduados de psicoterapia e reuniões multidisciplinares a nível hospitalar, incluindo psiquiatras, cirurgiões e internistas, que permitam manter a evolução tecnológica nos limites de uma medicina humana e individualizada.