RELAÇÃO ENTRE ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E INTERNAÇÕES POR LEUCEMIA NA BAHIA: UMA ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA ÚLTIMA DÉCADA

Abstract

Objetivos: Comparar os dados relativos ao envelhecimento da população da Bahia com novas internações por leucemia nos últimos dez anos. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, de análise quantitativa, cuja fonte de dados foi o Sistema de Procedimentos Hospitalares do Ministério da Saúde no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2020. Resultados: Foram realizadas 2150 internações por leucemia em 2020, o que representa um aumento de 77,53% em relação a 2011. Dentre as internações, a faixa etária que apresentou o maior crescimento foi a de 70 a 79 anos, com uma elevação de 253,33% entre o primeiro e o último ano da década. Logo em seguida, encontra-se a população de 50 a 59 anos, com um aumento de 166,23%. Já a faixa etária de 5 a 9 anos apresentou o maior número de internações em 2020, com 327, e sofreu um aumento de 45% ao longo da década. Quanto ao valor total desembolsado com pacientes leucêmicos, foram gastos R$ 5.929.555,98 em 2020 – um acréscimo aproximado de 219% comparado a 2011. Discussão: O envelhecimento populacional é uma tendência global e encontra-se localmente bem estabelecido: segundo estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice de envelhecimento (IE) da Bahia subiu de 28,63, em 2011, para 45,45 em 2021, e deve dobrar nos próximos 15 anos. Dessa forma, o expressivo aumento de novas internações na faixa etária de 70-79 anos está de acordo com a literatura: com exceção da leucemia linfoide aguda (LLA), todos os outros tipos são mais frequentes na população acima de 60 anos de idade. Além disso, a média de idade no momento do diagnóstico para leucemia mieloide crônica (LMC) e para leucemia mieloide aguda (LMA) é, respectivamente, de 55 e 60 anos, o que explica o significativo aumento do número de internações na faixa etária de 50-59 anos. Já o maior número absoluto de internações entre crianças de 5 a 9 anos relaciona-se com o pico de incidência de LLA nessa faixa. Em relação ao valor total despendido, a elevação se dá, possivelmente, pelos gastos com o tratamento quimioterápico e o manejo de complicações da doença. Conclusão: Frente à crescente incidência de leucemia entre pessoas idosas, o diagnóstico precoce de indivíduos com sinais e sintomas iniciais da doença é uma estratégia viável para reduzir o estágio de apresentação do câncer. Além disso, prevenção de leucemia não é tão eficaz quanto a de outras neoplasias, como a de pulmão, pois não é comum que os pacientes apresentem fator de risco modificável conhecido. Portanto, é preciso que os profissionais de saúde estejam aptos para reconhecer as manifestações clínicas iniciais o quanto antes, melhorando as chances de um tratamento bem sucedido.