Saúde e Sociedade (Jun 2008)

A Abertura da privacidade e o sigilo das informações sobre o HIV/Aids das mulheres atendidas pelo Programa Saúde da Família no município de São Paulo, Brasil The opening of privacy and the secrecy of HIV/Aids information concerning women assisted by the Family Health Program in the City of São Paulo, Brazil

  • Fernanda Tavares de Mello Abdalla,
  • Lúcia Yasuko Izumi Nichiata

DOI
https://doi.org/10.1590/S0104-12902008000200014
Journal volume & issue
Vol. 17, no. 2
pp. 140 – 152

Abstract

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A epidemia da Aids que acometia inicialmente homens, adultos com alta escolaridade e práticas homossexuais, passou atingir mais os jovens, grupos sociais de maior exclusão social, pessoas com práticas heterossexuais e mulheres. A doença, envolta em preconceito que pode levar a discriminação, preocupa as mulheres quanto ao "segredo" da infecção. Este estudo teve como objetivo discutir situações que envolvem questões de privacidade e sigilo das informações nas experiências de assistência do PSF às mulheres portadoras do HIV. É um estudo qualitativo que utilizou metodologias de grupo focal com agentes comunitários de saúde (ACS) e entrevistas semi-estruturadas com enfermeiros, médicos e auxiliares de enfermagem, feito numa Unidade Básica de Saúde que opera com PSF no município de São Paulo. Os depoimentos foram analisados segundo Bardin e organizados nos temas: a) a revelação do diagnóstico de HIV para a usuária; b) acolhimento e vínculo na abertura da privacidade; c) a revelação do diagnóstico de HIV aos membros da equipe de PSF; e d) discussão em equipe e o sigilo das informações. Verificou-se que os profissionais do PSF conhecem o diagnóstico pela própria usuária, familiares, vizinhos, ACS ou outro membro da equipe e profissionais de saúde dos serviços de referência, além do prontuário e resultados de exames. A mulher revela seu diagnóstico quando há confiança e vínculo na relação usuária-profissional. Os profissionais buscam assegurar o sigilo do HIV. A abertura da privacidade da informação possibilita discussão das necessidades de saúde da usuária e o planejamento das ações pelo PSF.In the beginning, Aids was predominantly seen in highly educated adult males with homosexual practices. Then, it reached a much younger group, with less access to information, heterosexuals and also women. Those infected with Aids are often worried about discrimination, which makes them keep it secret. The objective of this study was to discuss privacy and confidentiality of information related to women infected with HIV, who were assisted by Family Health Program (FHP) teams. It is a qualitative study that used the focal groups methodology with community-based health agents and semi-structured interviews with nurses, technicians, and doctors. It was conducted at a Basic Health Unit that operates using an FHP model in São Paulo. Accounts were analyzed according to Bardin and grouped into different categories: a) Revealing HIV diagnosis to FHP users; b) Welcoming and using bonding experiences when talking about the subject; c) Revealing HIV diagnosis to members of the FHP team; d) Team discussion and confidentiality of information. We found out that FHP professionals learn about the diagnosis through the patients themselves, their families, health agents and other healthcare professionals, and of course, through official test results. The women patients feel comfortable to talk about their HIV diagnosis when there is trust in the healthcare professional/user relationship. Professionals always try to ensure confidentiality of information regarding the diagnosis. This information enables professionals to talk about the users' health conditions and helps FHP team members set up a plan of action.

Keywords