Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

O PAPEL DAS CÉLULAS MESENQUIMAIS NO TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA: PREVENÇÃO E TRATAMENTO DA DOENÇA DO ENXERTO CONTRA O HOSPEDEIRO

  • IDM Gonçalves,
  • FS Silva,
  • RS Soares,
  • HLM Costa,
  • LKA Rocha

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S543

Abstract

Read online

Objetivos: Reunir as informações mais atuais sobre o uso das Células-Tronco Mesenquimais (CTMs) como aliada do Transplante de Medula Óssea (TMO) na prevenção e tratamento da Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH). Material e métodos: Foi realizada uma revisão integrativa da literatura nas bases de dados PubMed, SciELO, BVS e Google Acadêmico. A busca foi direcionada a artigos publicados nos últimos 5 anos, utilizando-se os descritores: “Mesenchymal stem cells”, “Bone marrow transplantation”e “Graft versus host disease”. Foram selecionados sete estudos publicados em inglês, incluindo revisões sistemáticas e metanálises, ensaios pré-clínicos e clínicos. Por fim, para garantir a qualidade da revisão, foram adotados critérios de exclusão que compreenderam artigos sem acesso ao texto completo e com restrições de acesso pago, bem como aqueles que não estavam diretamente relacionados ao tema central ou que apresentaram duplicações. Resultados: Foi encontrado que as Células-Tronco Mesenquimais (CTMs) possuem importante ação imunomoduladora e, por isso, têm sido consideradas uma terapia celular promissora na prevenção e tratamento da DECH refratária às medicações de primeira linha. O uso de CTMs umbilicais e infusão após o TMO mostrou uma redução da incidência de DECH crônica e aumento da enxertia medular, além de aumentar a sobrevida global e a resposta completa em pacientes com DECH aguda. Ademais, foi vista uma resposta terapêutica diferente a depender da fonte de CTMs utilizada. As CTMs derivadas da medula óssea não apresentaram redução da incidência de DECH crônica nem melhoria da enxertia medular, porém, é necessária a realização de mais estudos a fim de investigar as diferentes respostas a partir das fontes de CTMs. Também foi avaliada a possibilidade de aplicação das CTMs em co-infusão com o TMO alogênico, indicando redução da incidência de DECH crônica e aumento da enxertia de neutrófilos e plaquetas, sem alterações na mortalidade. Discussão: As CTMs são células multipotentes com propriedades imunomoduladoras e alta capacidade de diferenciação e de autorrenovação. Alguns mecanismos de imunomodulação incluem a secreção de mediadores que suprimem a diferenciação de monócitos em células dendríticas, a atuação em linfócitos T CD4+ por meio do interferon-γ e do Fator de Transformação do crescimento-β (TGF-β), além de interações com linfócitos B e células NK4. As CTMs não expressam o Antígeno Leucocitário Humano (HLA) de classe 2 e outras moléculas co-estimulatórias, por isso são capazes de evitar a resposta imune do hospedeiro e viabilizar a infusão de CTMs alogênicas sem rejeição. Devido a isso, a terapia para a DECH com CTMs tem se mostrado eficaz, principalmente por apresentar pouco ou nenhum efeito colateral e resultar em sobrevida superior a 2 anos após o TMO. Conclusão: As CTMs são uma terapia celular promissora no manejo da DECH refratária às opções de primeira linha, sendo a imunomodulação o principal mecanismo terapêutico. Além disso, permite a infusão de CTMs alogênicas sem rejeição devido à ausência de expressão do HLA de classe 2 e outras moléculas.