Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

TRANSPLANTE ALOGÊNICO DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS (TCTH) PARA TRATAMENTO DE DOENÇA FALCIFORME (DF): ESTRATÉGIAS E COMPLICAÇÕES DISTINTAS, MAS RESULTADOS SEMELHANTES COM TCTH HAPLOIDÊNTICO (HAPLO) E IRMÃO HLA-IDÊNTICO

  • CMCZ Oliveira,
  • RV Gouveia,
  • G Zamperlini,
  • VC Ginani,
  • MGAD Matos,
  • CN Monteiro,
  • LDS Domingues,
  • PAM Soriano,
  • MV Pupim,
  • JF Marques,
  • FVBD Santos,
  • CF Andrade,
  • PM Paiva,
  • A Seber

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S302

Abstract

Read online

Introdução: Apesar do diagnóstico neonatal, tratamento de suporte e início precoce da hidroxiuréia (HU), a morbimortalidade da doença falciforme (DF) ainda é alta no Brasil. O único tratamento curativo disponível é TCTH, indicado para pacientes com complicações graves da DF. Como há maior risco de rejeição do enxerto na DF e a maioria das crianças não tem doador saudável HLA compatível, vários grupos vêm desenvolvendo estratégias para melhorar os resultados obtidos com TCTH Haplo. Objetivo: Apresentar experiência com TCTH para DF com doadores HLA-idênticos e Haplo com estratégias desenvolvidas pelo grupo da USP-Ribeirão Preto e pelo multi-institutional learning collaborative, liderado pela equipe de TCTH de Vanderbilt. Método: Para os transplantes aparentados com doador HLA-idêntico o condicionamento foi ATG, Bussulfano e Fludarabina (Flu) e profilaxia de DECH com CsA-Mtx. Para transplantes Haplo, foram utilizados Flu, Ciclofosfamida (Cy), ATG, Tiotepa e TBI 200 cGy. Apenas uma paciente deste grupo não recebeu Tiotepa, sendo aumentada a dose da TBI para 400 cGy, opção de condicionamento desenvolvida pelo consórcio internacional baseada na experiência do Johns Hopkins Oncology Center. A profilaxia de DECH para o Haplo foi Cy pós-TCTH, Sirolimus-MMF. A única fonte de células foi medula óssea. Antes do Haplo, os pacientes devem permanecer em regime de hipertransfusão por no mínimo 2 meses pré-TMO, manter reticulócitos 50000/mm3, Hb 9–10 g/dL, controle rigoroso de pressão arterial e anticonvulsivante durante o período de uso de sirolimus ou CsA. Resultado: De 2016–2021 foram realizados 6 TCTH para DF em meninas com idade entre 3 e 18 anos. Duas tinham doador aparentado HLA-idêntico, para 4, o doador foi o pai Haplo. O total de células CD34 da medula óssea variou de 4 a 10×10(6)/kg. A enxertia neutrofílica no Haplo foi em média no D+22, versus D+18. Duas das 4 pacientes submetidas ao Haplo tiveram DECH aguda leve e uma DECH crônica moderada, todas com boa resposta a corticóide. Após TCTH HLA-idêntico, 1 criança apresentou olho seco e outra, DECH crônica moderada em pele e TGI e ainda recebe imunossupressão 5 anos após o TCTH. Uma paciente em cada grupo apresentou quimerismo misto, estável após TCTH HLA compatível e decrescente no Haplo sem Tiotepa, coincidindo com baixa aderência ao sirolimus e revertida com ajuste da medicação e DLI. Com mediana de seguimento de 563 dias, todas estão saudáveis. Conclusão: Nesta pequena coorte vimos bons resultados no TCTH para tratamento de DF e desfechos semelhantes nos transplantes Haplo e com doador HLA-idêntico. As crianças enfrentam inúmeras complicações e necessitam de equipes com experiência em transplantes haploidênticos, infraestrutura para tratamento de suas complicações e de tiotepa no condicionamento para garantir a enxertia adequada.