Alfa: Revista de Lingüística (Apr 2016)

Variabilidade e dispersão vocálica em Português Brasileiro e Inglês Britânico: um estudo de caso

  • Adriana S. MARUSSO

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-5794-1604-8
Journal volume & issue
Vol. 60, no. 1
pp. 175 – 201

Abstract

Read online

RESUMO Este artigo objetiva discutir o efeito do tamanho do inventário no espaço acústico de línguas com inventários vocálicos de tamanhos diferentes: português com sete e inglês com onze vogais orais. Partindo das predições da Teoria de Dispersão Vocálica, este estudo analisa acusticamente a variabilidade e dispersão vocálica nessas duas línguas. Contrariamente ao previsto pela teoria sobre a variabilidade vocálica, em nossos dados, a realização fonética das vogais do sistema vocálico maior (inglês) é menos precisa e apresenta maior variabilidade que as do português. Quanto à dispersão vocálica, também contrariando o previsto, as vogais do português estão mais dispersas e periféricas cobrindo uma área acústica maior que as do inglês. Nossos resultados estão em consonância com trabalhos que questionam a comprovação empírica das predições da Teoria de Dispersão. Nosso avanço é quanto à interpretação dos fatos. Levanta-se a hipótese que os sistemas vocálicos do inglês e português estejam parcialmente instáveis atualmente, entretanto, a Teoria de Dispersão não captura esses fatos por estar mais pautada em fonemas estanques que em alofones variáveis. Possivelmente, uma abordagem teórica que entenda as línguas como sistemas dinâmicos e complexos (ELLIS; LARSEN-FREEMAN, 2009) ofereça elementos mais sólidos para a compreensão dos fatos apresentados. Tal proposta será fomentada futuramente.

Keywords