Interseções (Feb 2023)

Ventres livres? Pensando sobre cesariana, violência obstétrica e histerectomia no horizonte da justiça reprodutiva

  • Giovana Acácia Tempesta,
  • Clarissa Lemos Cavalcanti,
  • Ruhana Luciano de França

DOI
https://doi.org/10.12957/irei.2023.73136
Journal volume & issue
Vol. v.24 n.3 (2022)
pp. 472 – 498

Abstract

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O diálogo entre ciências sociais e ciências da saúde vem produzindo reflexões interessantes a respeito das experiências reprodutivas em diferentes contextos sociais. Várias pesquisadoras demonstraram que essas experiências são influenciadas por matrizes de opressão historicamente constituídas e têm conexão direta com as taxas nacionais de morbidade e mortalidade materna e infantil, as quais evidenciam a perpetuação de hierarquias reprodutivas racializadas, resultantes do processo colonial. Neste artigo, propomo-nos a realizar uma revisão bibliográfica sobre aportes das ciências sociais e dos estudos interseccionais e decoloniais que podem contribuir para aprofundar o debate crítico sobre a apropriação biomédica do ciclo reprodutivo das mulheres, focalizando as duas cirurgias ginecológicas mais realizadas no Brasil, a saber, a cesariana e a histerectomia (remoção do útero), bem como a problemática da violência obstétrica. A presente reflexão se desenrola no horizonte político-epistemológico da justiça reprodutiva, fundamenta-se no conceito de racismo estrutural e aposta na educação perinatal crítica como via estratégica para a superação das iniquidades no campo da reprodução.

Keywords