Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-079 - ENDOCARDITE RARA POR LEUCONOSTOC PSEUDOMESENTEROIDES: RELATO DE CASO

  • Maria Eduarda Molina Marques,
  • Jéssica Andrade Filgueiras,
  • Reinaldo Jovelli Junior,
  • Caroline Eunice de Lima Barros,
  • Caroline Aires Manfroi,
  • Edson Carvalho de Melo

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104005

Abstract

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Introdução: Os implantes em próteses valvares (IPV) tem a endocardite infecciosa (EI) como grave complicação do procedimento. A espécie Leuconostoc pseudomesenteroides (LP), coco gram+, encontrado em laticínios, vegetais, fezes e na vagina, é um agente raro causador da endocardite, porém, o mesmo deve ser considerado quando não há melhora clínica, com uso de antibioticoterapia empírica adequada. Objetivo: Relatar caso raro de paciente lúpica (LES), com desenvolvimento de EI por LP, 10 meses após IPV. Método: Relato de caso e revisão de prontuário. Resultados: Feminino, 69 anos, com LES, uso crônico de metotrexato e pós operatório de IPV, queixa de tosse seca, astenia e febre 10 meses após procedimento e uso de ceftriaxone empírico. 2 hemoculturas positivas para LP no dia 08/03/2023, agente pouco habitual, sugerindo uma endocardite em paciente imunossuprimido com valvopatia. O 1° ecocardiograma transesofágico (ECOTE) não detectou quaisquer alterações sugestivas de EI, porém o 2° ECOTE, repetido 16 dias depois, identificou prótese de implante percutâneo em posição aórtica, com dupla lesão leve e imagem sugestiva de vegetação no folheto coronariano esquerdo e nova regurgitação. Inicialmente foi optado por penicilina cristalina + gentamicina, em D6, ainda febril e hipotensa, optou-se por substituir por daptomicina 8 mg/kg/dia e coleta de novas hemoculturas, posteriormente positivas para LP. Em D2 de daptomicina, melhora clínica, 2 hemoculturas, que foram negativas. 3° ECOTE (realizado 42 dias após início do tratamento) apresentou ausência de vegetações endocárdicas ou complicações de endocardite infecciosa bioprótese V. Aórtico. Conclusão: Trata-se de um caso raro de EI por LP, diagnosticado pelos critérios de Dukes modificado (3 critérios maiores e 2 menores). Não podemos afirmar que houve falha terapêutica com a penicilina cristalina, uma vez que a negativação da cultura aconteceu 48 horas depois da sua substituição, mas a melhora clínica ocorreu após a daptomicina. Não há padrão de antibiograma para essa bactéria, assim as opções terapêuticas foram baseadas em literatura.