Sinais de Cena (May 2017)
Revisitação à orgânica conceptual trabalhada por António Damásio em O Livro da Consciência com aplicação ao comportamento humano em artes performativas
Abstract
Sabemos que a relação entre corpo e cérebro é estabelecida pelos neurónios e as suas extensões: axónios e dendritos. Sabemos também que a complexidade do nosso comportamento se deve a este sistema principal do funcionamento da mente. A possibilidade de olhar para a relação entre a estrutura do cérebro e a da mente e o resto do corpo nem sempre tem sido considerada como um dado adquirido. "Os neurónios referem-se ao corpo", diz Damásio. As manifestações emocionais de cada um de nós e a capacidade de planear e organizar tarefas coexistem no mesmo espaço cerebral, embora as suas acções e efeitos ocorram em diferentes áreas da massa cerebral e, portanto, também mantenham uma relação dentro desta espacialidade como uma diferença funcional. As conclusões acima são assim tão válidas para aqueles que produzem performances artísticas como para qualquer pessoa que espera esta actividade. O que pensa e sente o intérprete (actor/actriz) enquanto espera que a actuação comece? O que irão sentir e esperar exactamente aqueles que esperam o início dessa acção exacta? Será que também se sentem esperados? Como se combina e articula a memória da criação e construção de uma performance? Onde podem encaixar os seus medos e regozijo, precisamente aquelas emoções que a outra parte não experimenta da mesma forma?