Revista Portuguesa de Cardiologia (Jun 2016)
Cardiotoxicidade na terapêutica com antraciclinas: estratégias de prevenção
Abstract
Resumo: O crescente uso de antraciclinas, aliado ao aumento da sobrevida dos doentes oncológicos, motiva a necessidade de monitorizar os efeitos tóxicos destes fármacos. Para que a sua cardiotoxicidade possa ser detetada, prevenida ou atenuada, torna‐se essencial que todos os doentes sejam, do ponto de vista cardiovascular, submetidos a uma rigorosa avaliação inicial e a um estreito acompanhamento. Diversos ensaios clínicos comprovaram o efeito cardioprotetor produzido por medidas não farmacológicas como o exercício físico, a adoção de um estilo de vida saudável, o controlo de fatores de risco e o tratamento de comorbilidades; foi também verificado um efeito cardioprotetor com estratégias farmacológicas como o uso de bloqueadores‐beta, inibidores da enzima de conversão da angiotensina, antagonistas do recetor da angiotensina, estatinas, dexrazoxane ou derivados lipossomais. No entanto, atualmente não existe qualquer diretriz científica que oriente as estratégias de prevenção nestes doentes. Com esta revisão propomo‐nos abordar o estado da arte relativo à avaliação, monitorização e, principalmente, à prevenção da cardiotoxicidade provocada pelas antraciclinas. Abstract: The increasing use of anthracyclines, together with the longer survival of cancer patients, means the toxic effects of these drugs need to be monitored. In order to detect, prevent or mitigate anthracycline‐induced cardiomyopathy, it is essential that all patients undergo a rigorous initial cardiovascular assessment, followed by close monitoring. Several clinical trials have shown the cardioprotective effect of non‐pharmacological measures such as exercise, healthy lifestyles, control of risk factors and treatment of comorbidities; a cardioprotective effect has also been observed with pharmacological measures such as beta‐blockers, angiotensin‐converting enzyme inhibitors, angiotensin receptor antagonists, statins, dexrazoxane and liposomal formulations. However, there are currently no guidelines for managing prevention in these patients. In this review the authors discuss the state of the art of the assessment, monitoring, and, above all, the prevention of anthracycline‐induced cardiotoxicity. Palavras‐chave: Antraciclinas, Cardiotoxicidade, Prevenção, Quimioterapia, Keywords: Anthracyclines, Cardiotoxicity, Prevention, Chemotherapy