Revista Latinoamericana de Población (Jul 2017)

A contribuição dos nascimentos e óbitos para o envelhecimento populacional no Brasil, 1950 a 2100

  • Luana Junqueira Dias Myrrha,
  • Cassio M. Turra,
  • Simone Wajnman

DOI
https://doi.org/10.31406/relap2017.v11.i1.n20.2
Journal volume & issue
Vol. 11, no. 20

Abstract

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O objetivo deste trabalho é analisar o envelhecimento populacional brasileiro no período de 1950 a 2100. A metodologia consiste na decomposição da variação da idade média populacional em função de três tendências (Preston; Himes; Eggers, 1989): o envelhecimento natural da população; os efeitos rejuvenescedores dos nascimentos; e os dos óbitos. Os dados utilizados, para a análise de 1950 a 2000, provêm das publicações do CELADE (2007a, 2007b) e, de 2000 a 2100, da projeção calculada pelo CEDEPLAR (2008), cenário BR2. Os resultados são consistentes com a literatura anterior, ao apontarem o papel preponderante da queda de fecundidade no processo de envelhecimento populacional, bem como o papel secundário, mas crescente, exercido pela transição de mortalidade sobre a estrutura etária. No início da transição demográfica, em meados do século passado, quando a população brasileira era jovem e quase estável, o grande volume de nascimentos impedia o aumento da idade média da população. Nas décadas seguintes, a contínua queda da natalidade resultou em um avanço gradativo da idade média da população, que deverá passar de 23,41 anos em 1950 para 51,10 anos em 2100. Aos poucos, a estrutura etária tenderá para um novo cenário de quase estabilidade, sem grandes variações na idade média, graças ao efeito dos óbitos, que substituirão, parcialmente, o papel dos nascimentos no passado, pela exclusão de pessoas com idades superiores à idade média na população. A grande mudança populacional brasileira, marcada pela substituição em larga escala de crianças por idosos, que terá ocorrido em um intervalo de apenas um século, deverá dar lugar a uma população envelhecida, com variações na estrutura etária restritas às idades mais elevadas, a depender do futuro da fecundidade e da longevidade. Esse cenário tem fortes implicações para a sociedade brasileira, uma vez que, se conseguirmos adaptar nossos sistemas econômicos e sociais ao novo padrão demográfico, os ajustes poderão ser menores a partir de 2050.

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