Revista de História (Mar 1965)

História e Sociologia

  • Fernand Braudel

DOI
https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.1965.123302
Journal volume & issue
Vol. 30, no. 61

Abstract

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Algumas observações prévias para situar êste capitulo. En-tendo aqui por sociologia, muitas vêzes, senão quase sempre, aquela ciência global que Émile Durkheim e François Simiand pretendiam constituir no comêço dêste século — aquela ciên-cia que ainda não é, mas para a qual não deixará de tender, ainda que nunca venha a realizar plenamente tal objetivo. Por história, entendo eu uma investigação cientificamente condu-zida, digamos mesmo uma ciência, mas complexa: não há uma só história, uma só maneira de ser historiador, mas diversas maneiras, diversas histórias, um acervo de curiosidades, de pon-tos de vista, de possibilidades, aos quais, amanhã, outras curio-sidades, outros pontos de vista, outra possibilidade se juntarão ainda. Será que um sociólogo me compreenderá melhor — da-do que êle tende, à semelhança dos filósofos, a conceber a his-tória como uma disciplina de regras e métodos perfeita e imu-tàvelmente definidos — se eu acrescentar que há tantas ma-neiras, discutíveis e discutidas, de abordar o passado, como ati-tudes para encarar o presente? Mais: que a história pode inclu-sivamente ser considerada como um certo estudo do presente?

Keywords