Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

MANEJO ODONTOLÓGICO DURANTE O TRANSPLANTE DE CÉLULAS-TRONCO HEMATOPOIÉTICAS HAPLOIDÊNTICO: RELATO DE CASO

  • JKP Queiroz,
  • JSR Pereira,
  • JF Tagliabue,
  • LDD Teixeira,
  • JESR Carvalho,
  • ACDS Menezes,
  • CS Boasquevisque,
  • HS Antunes

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S914 – S915

Abstract

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Objetivo: Relatar o manejo odontológico durante o transplante de células-tronco hematopoiéticas haploidêntico de um paciente pediátrico com anemia aplástica. Material e métodos: Trata-se de estudo descritivo, retrospectivo, do tipo relato de caso. Os dados foram coletados através dos registros em prontuário da instituição. Resultados: Paciente masculino, 5 anos, matriculado na Instituição com o diagnóstico de anemia aplástica. Foi submetido ao transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) haploidêntico, sob protocolo de condicionamento com globulina antimonócito, fludarabina, ciclofosfamida e irradiação de corpo inteiro. Foi atendido pela Odontologia sob parecer médico, à beira leito, durante a internação para mobilização. Ao exame clínico, observou-se o dente 61 com mobilidade grau I compatível com período de esfoliação dentária e demais elementos hígidos, higiene oral satisfatória, lábios e mucosas orais íntegras e normocoradas. O paciente foi acompanhado diariamente pela equipe odontológica durante o período de condicionamento para realização de protocolo de laserterapia profilática (660 nm, 0,03 cm2, 33,3 J/cm2, 1 J, 10 segundos, 100 mW) conforme rotina institucional. Evoluiu com mucosite oral grau 2 no D+12, realizando também laserterapia terapêutica (660 nm, 0,03 cm2, 66,7 J/cm2, 2 J, 20 segundos, 100 mW). Devido ao longo período de neutropenia, realizou um mielograma que constatou a rejeição do primeiro transplante, sendo então submetido a um segundo TCTH haploidêntico, sob protocolo de condicionamento de globulina antimonócito, flubarabina, ciclofosfamida e melfalano. Durante esse período, apresentou complicações, incluindo doença veno-oclusiva, disfunção de múltiplos órgãos e discrasia sanguínea. No D+8, apresentava-se em estado crítico, intubado e sob ventilação mecânica. O paciente foi acompanhado pela equipe de odontologia, recebendo cuidados orais apropriados para controle de biofilme, minimizando as chances de ocorrência de pneumonia associada ao uso de ventilação mecânica. Devido à gravidade do quadro, no D+13, evoluiu para óbito. Discussão: O transplante de células-tronco hematopoiéticas é um tratamento eficaz para condições oncohematológicas, porém pode culminar em diversas toxicidades locais e sistêmicas. Por isso, é essencial que esses pacientes recebam acompanhamento interdisciplinar, incluindo o odontológico. A imunossupressão inerente aos protocolos de condicionamento, aumenta a susceptibilidade às infecções orais e demais toxicidades como mucosite e xerostomia, que podem impactar negativamente no curso do tratamento e comprometer o prognóstico. No caso relatado, o dentista foi capaz de atuar na avaliação e no manejo de complicações orais, como a mucosite oral. Ademais, diante da evolução do caso e devido às complicações sistêmicas apresentadas, a atuação do dentista fez-se necessária para prevenir pneumonia associada à ventilação mecânica. Conclusão: O presente caso destaca a importância do manejo odontológico durante o tratamento oncohematológico com a finalidade de diagnosticar e tratar complicações do TCTH. É enfatizada a necessidade de um cirurgião-dentista capacitado integrado à equipe multidisciplinar oncológica na unidade transplantadora, para promover o cuidado interdisciplinar, buscando melhora na qualidade de vida e no prognóstico do paciente.