Acta Scientiarum: Biological Sciences (May 2008)

Estresse devido ao transporte e à ação da benzocaína em parâmetros hematológicos e população de parasitas em matrinxã, <em>Brycon cephalus</em> (Günther, 1869) (Osteichthyes, Characidae)

  • Paulo César Falanghe Carneiro,
  • Elisabeth Criscuolo Urbinati,
  • Maurício Laterça Martins

DOI
https://doi.org/10.4025/actascibiolsci.v24i0.2359
Journal volume & issue
Vol. 24

Abstract

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O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos do transporte, sob diferentes concentrações de benzocaína, em parâmetros hematológicos e na população de parasitas de brânquias do matrinxã Brycon cephalus (Osteichthyes, Characidae). Trinta peixes (peso médio 1,0 kg) foram transportados em tambores plásticos de 200 L por quatro horas. Cada tambor foi preparado com uma concentração de benzocaína (B0 = 0 mg/L; B1 = 5 mg/L; B2 = 10 mg/L e B3 = 20 mg/L). Anteriormente ao carregamento dos tambores, cinco peixes foram amostrados para determinar a condição inicial. Outras três amostragens foram feitas posteriormente: na chegada, 24 e 96 horas após o transporte. Os peixes transportados sob efeito da benzocaína apresentaram menor resposta de fuga durante a captura comparado aos peixes do B0, sendo que os peixes do B3 mostraram dificuldade de manter o equilíbrio durante a viagem. Após o transporte, registraram-se os níveis mais elevados de cortisol plasmático, em todos os tratamentos, com retorno aos níveis iniciais após 24 horas. A glicemia elevou-se na chegada, em todos os tratamentos, e após 24 horas apenas os peixes transportados nas duas concentrações mais altas ainda não haviam recuperado os valores iniciais. Na chegada, a porcentagem de linfócitos decresceu, permanecendo neste patamar após 24 horas, sendo que os peixes do B2 e B3 não retornaram à condição inicial até o final do período experimental. Foi observado aumento da porcentagem de neutrófilos, desde a chegada até 24 horas após o transporte, em todos os tratamentos. Os peixes do B2 e B3 mantiveram elevadas as porcentagens de neutrófilos até 96 horas após o transporte. Na última coleta, constatou-se que o número do parasita branquial Piscinoodinium sp. havia aumentado nos peixes do B3. Foi possível observar que o uso da benzocaína contribuiu com a elevação da glicemia e dos níveis plasmáticos do cortisol após o transporte, sendo registrados efeitos negativos das duas concentrações mais altas em vários parâmetros hematológicos e no número de Piscinoodinium sp. aderido às brânquias. Concluiu-se, portanto que o uso da benzocaína não reduziu o estresse causado pelo transporte em matrinxãs, atuando inclusive como agente estressor adicional.

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