RevSALUS (Jun 2023)

Humanitude: ferramenta inovadora na mudança do paradigma do cuidar

  • Rosa Melo,
  • Liliana Henrique,
  • Cátia Tavares,
  • Helena Pires,
  • Vera Bidarro,
  • Rafael Efraim,
  • João Araújo

DOI
https://doi.org/10.51126/revsalus.v5iSup.541
Journal volume & issue
Vol. 5, no. Sup

Abstract

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Introdução: Uma prática baseada no cuidar coloca-nos perante a resistência entre um contexto social que está na busca do cuidado, que tem origem no trabalho de humanitude e constitui a sua essência e um contexto organizacional baseado, essencialmente, no fazer e na ação centrada na tarefa (Hesbeen, 2006). Para este autor, sem mudança nesse contexto organizacional, o cuidar não poderá emergir duravelmente sem que haja um trabalho pessoal e intenção consciente de postura. É por isso um imperativo ético que se implementem mudanças no contexto organizacional nas instituições que cuidam de pessoas idosas, para que o paradigma de cuidar seja centrado na interação entre o cuidador e a pessoa cuidada, preservando e promovendo a humanitude no e através do cuidado (Salgueiro, 2014). Objetivos: Avaliar o contributo da implementação da Metodologia de Cuidado Humanitude (MCH) na mudança do paradigma de cuidar, numa Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI). Material e Métodos: Estudo de caso, longitudinal e descritivo, com abordagem quantitativa e qualitativa, realizado antes e após a implementação da MCH. O estudo decorreu durante 12 meses, numa amostra intencional-não probabilística constituída por 39 profissionais da equipa multiprofissional da ERPI. A recolha dos dados foi realizada através de entrevista semiestruturada e da observação estruturada utilizando a Sequência Estruturada dos Procedimentos Cuidativos Humanitude (SEPCH) (Henriques, Melo & D’Espiney, 2022). Resultados: No processo de implementação da MCH verificou-se um elevado nível de apropriação dos procedimentos cuidativos humanitude, em todas as dimensões, sendo a “marcação do reencontro” a dimensão que apresentou o resultado mais elevado (antes, 47,65%; após 98,2%). Após a implementação da MCH verificou-se uma maior consciencialização e mudança das práticas, da tarefa para um cuidado integral, tendo em conta as particularidades e vontade de cada pessoa cuidada. Verificou-se mudança da multidisciplinariedade para a interdisciplinaridade com a corresponsabilização de toda a equipa e o envolvimento da pessoa cuidada e da família. Conclusões: Com a implementação da MCH, verificaram-se mudanças nas práticas, na cultura do cuidado e na gestão. Verificou-se mudança dos cuidados centrados nas tarefas para um cuidar integral centrado na interação com a pessoa e na satisfação das suas particularidades. Os resultados refletem que a MCH pode ser utilizada como ferramenta inovadora que sistematiza e operacionaliza os processos de mudança no contexto organizacional das ERPI.

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