Revista de Estudos da Linguagem (Oct 2022)
Resistência do dativo de primeira pessoa na batalha (quase) perdida dos clíticos pronominais do português brasileiro/ The Survival of the First Person Dative Pronoun in the (Almost) Lost Battle of Pronominal Clitics of Brazilian Portuguese
Abstract
Resumo: Este estudo investiga a cisão pronominal na expressão dos dativos no português brasileiro (PB), a qual consiste na presença dos clíticos de 1a e 2a pessoas me e te, em oposição aos pronominais tônicos ele(s), ela(s), introduzidos por a e para, em decorrência da perda dos clíticos dativos lhe(s). Em termos descritivos, focalizamos a resistência do clítico me, na sua ampla distribuição sintática em predicados ditransitivos e monotransitivos, com verbos inergativos e inacusativos, entre eles, os verbos psicológicos, e em estruturas com o dativo ético. Assumindo uma abordagem teórica da cisão com base na hipótese de um traço interpretável de pessoa nos núcleos funcionais aplicativos (cf. TORRES MORAIS; SALLES, 2010, 2019), propomos que opções microparamétrica nos valores do traço pessoa, de um sistema bivalente, para um sistema monovalente, causam que as propriedades sintáticas e semânticas do clítico dativo me sejam unificadas como núcleo Aplicativo Alto, nos termos da tipologia proposta em Pylkkänen (2002, 2008). Palavras-chave: clítico dativo; cisão pronominal; aplicativo; oblíquo. Abstract: The study investigates the pronominal split in the expression of datives in Brazilian Portuguese (BP), which consists in the use of first and second person clitics, as opposed to the third person strong pronoun in the complement position of the dative preposition (para ele(s)/ ela(s)), with the loss of the third person dative clitics (lhe(s)). The analysis argues in favor of the survival of the first person clitic me in view of its wide syntactic distribution, in ditransitive predicates, dynamic and stative, in monotransitive predicates, inergative and inaccustative, incluind psychological verbs, and in predicates expressing the ethical datives. Assuming an approach of the pronominal split in terms of an interpretable person feature in the applicative heads (cf. TORRES MORAIS; SALLES, 2010, 2019), we propose that a microparametric change in the values of the person feature, from a bivalent system to a monovalent one, causes that the syntactic and semantic properties of the dative clitic me be unified as a High Applicative head, in Pylkkänen’s (2002, 2008) typology. Keywords: dative clitic; pronominal split; applicative; oblique.
Keywords