Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ROPEGINTERFERON ALFA-2B E SUA EFICÁCIA AOS EVENTOS TROMBÓTICOS NA POLICITEMIA VERA: UMA REVISÃO DE LITERATURA.

  • JA Ferreira,
  • JYT Ono,
  • GN Christiano,
  • VS Furlani,
  • AE Nitchai,
  • GO Alves

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S203

Abstract

Read online

Objetivos: Analisar as pesquisas mais recentes sobre a eficácia do tratamento com ropeginterferon alfa-2b (ROPEG) na Policitemia Vera (PV) para a prevenção de episódios trombóticos Material e métodos: Revisão de literatura de natureza descritiva, através da busca nas bases de dados PUBMED, BVS e Google Acadêmico utilizando os descritores em inglês e português: “ropeginterferon alfa-2b”, “polycythemia vera” e “thrombosis”. Depois de passar pelos critérios de inclusão e exclusão, o estudo resultou em uma amostra total de quinze artigos selecionados: dois (2) PUBMED, um (1) BVS, doze (12) Google acadêmico. Os autores declaram não haver conflitos de interesse. Resultados: Estudos como o PROUD-PV e seu estudo de extensão, CONTINUATION-PV, realizados na Europa, demonstraram como resultados: o ROPEG foi eficaz na indução de respostas hematológicas; mas se mostrou não inferior à hidroxiureia (terapia padrão) em relação à resposta hematológica quando comparada em tempo menor que 12 meses. Quando analisada por maior tempo, sua resposta continuou a aumentar ao longo do tempo com respostas melhoradas em comparação com a hidroxiureia. Além disso, a progressão da doença e os principais eventos tromboembólicos foram avaliados ao longo de um período de exposição cumulativo, e a sobrevida livre desses eventos foi significativamente maior entre os pacientes tratados com ROPEG do que o grupo controle, a incidência foi de 0,2%-paciente-ano versus 1,0%-paciente-ano no braço de tratamento controle com terapia padrão. Em relação a flebotomia, o estudo Low-PV mostrou que a suplementação de flebotomia com ropeginterferon alfa-2b parece ser segura e eficaz na manutenção constante dos valores de hematócrito no alvo e prevenção de eventos trombóticos em pacientes de baixo risco com policitemia vera. Outros ensaios clínicos demonstraram altas taxas de respostas hematológicas e moleculares, a depleção da carga de JAK2 V617F alle, que pode diminuir o risco de progressão para mielofibrose, e eventos trombóticos em pacientes tratados com a ROPEG. Discussão: A nova prolina-IFN-α PEGilada, gerada por meio de PEGilação seletiva de sítio, resulta em propriedades farmacocinéticas favoráveis, como o aumento da dose resposta, e um esquema de dosagem clínica conveniente. Ela inibe as células portadoras de JAK2 e outras mutações envolvidas em MPNs e em aberrações citogenéticas, confirmando o conceito de capacidade de modificação da doença. Nos estudos já realizados, obteve-se boas respostas hematológicas e moleculares altas e duráveis e sua boa tolerabilidade, uma boa qualidade de vida, conforme indicado por uma baixa carga de sintomas e necessidade de flebotomia, o potencial de influenciar o risco de mielofibrose e melhor sobrevida livre de eventos versus tratamento padrão. Conclusão: Esses novos resultados fornecem mais evidências para a possível capacidade modificadora do ropeginterferon alfa-2b na doença. Assim como realizado recentemente na China, são necessários estudos adicionais afim de comparar os resultados descritos na literatura em outros países, com a população brasileira, avaliando eficácia, segurança e utilidade clínica, gerando bases de dados valiosos que podem alterar o curso natural da PV no país, ao diminuir a progressão da doença e eventos tromboembólicos.