Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas (May 2022)

Curas químicas para males galênicos: plantas e minerais notratamento de febres em João Curvo Semedo

  • Ricardo Cabral de Freitas

DOI
https://doi.org/10.1590/2178-2547-bgoeldi-2020-0132
Journal volume & issue
Vol. 17, no. 1

Abstract

Read online

Resumo Ao longo do século XVII, a tradição médica de matriz hipocrático-galênica sofreu crescentes críticas de correntes médicas emergentes, em especial a iatroquímica, em grande parte devedora da herança alquímica de Paracelso (1493-1541). Em Portugal, parte da historiografia tem apontado que a rivalidade observada em outros contextos europeus, como França e Inglaterra, expressou-se de forma mais branda, ou conciliatória. De forma geral, os médicos lusitanos tenderam a abordar ambas as escolas de pensamento como complementares, o que contribuiu para a disseminação dos remédios de origem química no reino, a despeito da hegemonia galênica no ensino médico e do arrepio das autoridades inquisitoriais. Por meio da análise de utilização de plantas e minerais no tratamento das febres, o artigo procura analisar como essas questões se refletiram na obra de João Curvo Semedo, um dos mais destacados médicos portugueses do período e ávido divulgador dos remédios químicos no reino. Ao longo da análise, percebe-se que, apesar de sua forte inclinação pela farmácia química, no âmbito da patologia, seus posicionamentos pareciam mais afeitos à tradição galênica, ponto no qual divergia de outros médicos também simpáticos aos princípios alquímicos de seu tempo.

Keywords