Revista de Saúde Pública (Jun 2005)
Bioética, solidariedade crítica e voluntariado orgânico Bioethics, critical solidarity and organic volunteering
Abstract
OBJETIVO: Propor a "solidariedade crítica" como valor a ser incorporado na agenda bioética do século XXI e como instrumento que guia as pessoas e associações na prática voluntária. MÉTODOS: Para explicar de que modo a solidariedade se materializa são analisadas as motivações à atividade voluntária das associações que integram o voluntariado do Instituto Nacional do Câncer, Rio de Janeiro. Os dados para análise foram obtidos pela aplicação de dois instrumentos: um questionário dividido em duas partes que o identificam o perfil socioeconômico, e a solidariedade como valor que motiva a atividade voluntária; e entrevista semi-estruturada para obtenção de dados complementares à análise. RESULTADOS: Os resultados mostram que a atividade voluntária se dá em torno de três tipos de motivações básicas: a) motivações pessoais relacionadas à vida do voluntário, b) motivações decorrentes da crença professada, e c) motivações despertadas pelo sentimento de solidariedade. CONCLUSÕES: A incorporação da solidariedade crítica impõe a ruptura do modelo de voluntariado assistencial detectado. Isso implica em visibilizar os interesses, que egóicos, em geral, permeiam as práticas voluntárias. Assim, qualifica-se um voluntariado orgânico, politizado e comprometido em atender demandas específicas dos tempos atuais.OBJECTIVE: The study proposes "critical solidarity" as a value to be incorporated into the 21st century's bioethics agenda and as an instrument to guide people and associations in volunteer praxis. METHODS: To explain how solidarity materializes itself, the motivations for engaging in volunteer activities in associations that integrate the corps of volunteers of the Instituto Nacional do Cancer [National Cancer Institute] in Rio de Janeiro, Brazil, are analyzed. The data for analysis were obtained by applying two instruments. The first one consists of a questionnaire divided into 2 parts: one part identifies the socioeconomic profile, and the other identifies solidarity as a value that motivates volunteer activity. The second instrument comprises of semi structured interviews utilized to collect supplementary data for analysis. RESULTS: The results indicate that volunteering is based on three basic motivations: a) personal motivations related to life as a volunteer, b) motivations resulting from professed beliefs, and c) motivations aroused by the feeling of solidarity. CONCLUSIONS: It was concluded that the incorporation of critical solidarity requires a rupture with the detected model of patronizing volunteering; it implies explicating the common selfish interests that permeate volunteer activities and qualify an organic volunteering, that is, volunteering which is politically aware and committed to responding to the specific demands of the present time.
Keywords