Convergência Lusíada (Jun 2018)
“A vida eterna depende do amor dos outros”: memória e trauma em 'Flores', de Afonso Cruz
Abstract
A partir das reflexões críticas de Georges Didi-Huberman (O que vemos e o que nos olha), Marcio Seligmann-Silva (O local da diferença) e Maurice Halbwachs (A memória coletiva), propõe-se uma leitura do romance Flores, de Afonso Cruz, focalizando a personagem Margarida Flores, o grande amor de Ulme, que vem a ser aquela que, dividida entre o amor e o desejo de combater o poder salazarista, trará na sua memória as marcas de um passado nefando, cuja linguagem se converterá em gestos teatrais para tentar expressar o trauma que sofrera no passado. Sendo assim, o presente texto busca analisar o corpo desta personagem que se torna o lugar da memória individual, coletiva e ao mesmo tempo histórica capaz de ilustrar a impossibilidade do amor e o desejo de eternidade.