Revista Portuguesa de Farmacoterapia (Mar 2016)
A Diabetes Mellitus em Portugal: Relevância da Terapêutica Farmacológica Adequada
Abstract
A diabetes representa um sério e grave problema de saúde pública em Portugal, onde se estima que a prevalência desta patologia na população com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos seja de 13,1%, o que equivale a mais de um milhão de indivíduos diabéticos. A diabetes é uma patologia com importantes e graves implicações sociais, económicas e humanas. De facto, estima-se que os custos com esta patologia em Portugal representem aproximadamente 10% da despesa total em Saúde e 0,9% do PIB português. Em particular, registou-se nos últimos anos um aumento significativo dos encargos com os medicamentos antidiabéticos, decorrente, em grande medida, da recente introdução no mercado de novas classes terapêuticas que apresentam um custo elevado. Por estes motivos, facilmente se compreende que a diabetes representa uma séria ameaça à sustentabilidade financeira dos sistemas de saúde. O tema “A Diabetes em Portugal” foi objeto de uma reunião de reflexão, a qual teve como propósito debater as implicações socioeconómicas da diabetes, o papel dos antidiabéticos orais numa perspetiva holística da abordagem terapêutica desta patologia, a atualidade das normas de orientação clínica e a sua aplicabilidade na prática clínica, tendo em consideração as características específicas de cada doente e ainda estratégias que permitam garantir o acesso dos doentes às novas terapêuticas. Os especialistas que participaram nesta reunião expressaram, de forma consensual, a necessidade de serem implementados programas de prevenção da diabetes efetivos e direcionados para a população. Pese embora o facto de estes programas implicarem um investimento inicial significativo, a prevenção ou retardamento da progressão da doença tem um impacto substancial na saúde global da população e o potencial de gerar poupanças consideráveis para o sistema de saúde. O tratamento da Diabetes deve ser individualizado e centrado no doente, com o objetivo de incrementar a efetividade da terapêutica e de otimizar os resultados a longo prazo. As modificações do estilo de vida devem ser parte integrante de um plano terapêutico personalizado. Os doentes devem encontrar-se ativamente envolvidos na decisão do tratamento, devendo igualmente receber uma educação adequada sobre a patologia. Por fim, a prescrição de novas classes terapêuticas para a diabetes não deverá ser condicionada pelo seu custo elevado, uma vez que a escolha do tratamento deve fundamentar-se na evidência clínica e nas necessidades do doente. Contudo, as terapêuticas inovadoras acarretam um acréscimo dos encargos em Saúde, motivo, aliás, pelo qual o seu custo-efetividade é objeto de avaliação pelas entidades competentes.