Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-004 - RABDOMIÓLISE POR MIOSITE SECUNDÁRIA A DENGUE: RELATOS DE CASO

  • André Luís Roque Maretto,
  • Felipe Augusto Santos Nunes,
  • Raquel Asperti Hoffman,
  • Olívia Silva Zanetti,
  • Letícia de Paula Ferreira,
  • Victor Borsani Salomão Cury,
  • Letícia Garcia da Paz,
  • Sigrid de Sousa dos Santos,
  • Ana Paula Rosim Giraldes,
  • Alice de Queiroz Miguel

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 103934

Abstract

Read online

Introdução: A Dengue é uma arbovirose endêmica no Brasil que pode apresentar-se com manifestações leves ou graves e risco de óbito. Dentre as apresentações atípicas, há a rabdomiólise secundária a miosite, que é uma síndrome clínico-laboratorial por lise das células musculares, liberando substâncias intracelulares na corrente sanguínea, levando a elevação de Creatina-fosfoquinase sérica (CPK), distúrbios eletrolíticos, ácidos básico, injúria renal e elevação de enzimas hepáticas. Possui várias etiologias, dentre elas, infecciosas, com a dengue como rara associação, presente em 1,4% dos pacientes, conforme dados brasileiros. Objetivo: Relatar dois casos de rabdomiólise relacionado a miosite por infecção por dengue. Método: Relatos de caso baseados em prontuário e revisão da literatura relacionada ao tema. Resultados: Caso 1: Paciente masculino, 58 anos, sem comorbidades. Há 6 dias com mialgia, febre, cefaleia e diarreia, evoluiu com dor abdominal. Feito diagnóstico com NS1 positivo e internado como dengue grupo C. Exames laboratoriais com hematócrito (Ht) 43,3, plaquetas 144 mil, transaminase glutâmico-oxalacética (TGO)1056 transaminase glutâmico-pirúvica (TGP) 186. Iniciada hidratação venosa conforme protocolo do Ministério da Saúde (MS), evoluiu com elevação de TGO para 2156 e TGP para 421, hipercalemia, potássio de 6, sem disfunção renal. Solicitado CPK, com valor 300 mil. Aumentado volume de hidratação, com descenso da CPK associado a melhora clínica significante. Caso 2: Paciente masculino, 32 anos,hipertenso. Há 1 semana com febre, mialgia intensa, pior em membros inferiores, dor abdominal, há 1 dia, gengivorragia. Feito diagnóstico com NS1 positivo e internado como dengue grupo C, com hidratação venosa conforme protocolo do MS. Exames iniciais com CPK 11.830, Ht 51,1, plaquetas 185.000; TGO 636, TGP196, sem distúrbio eletrolítico ou injúria renal. Com hipótese de rabdomiólise secundária a miosite por dengue, intensificado hidratação venosa, evoluiu com poliúria e ascensão do CPK apesar das medidas, chegando a valor máximo de 103.720. Iniciado corticoide via oral, apresentando após alguns dias de tratamento melhora clínica e laboratorial significativa. Conclusão: Diante da situação epidemiológica da dengue no Brasil e sabendo que manifestações atípicas podem não ser reconhecidas, é importante a discussão do tema, para que tais hipóteses sejam levadas em consideração e investigadas, assim, buscando reconhecimento precoce e implementação de terapêutica oportuna para prevenção e tratamento.