Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)
Análise da administração de comprimidos de Metoprolol com liberação prolongada
Abstract
Introdução: A administração de medicamentos por via oral pode ser impossibilitada em alguns pacientes hospitalizados, tornando a administração por outras vias ou a manipulação dos comprimidos, métodos alternativos para receber a terapia medicamentosa. Essa prática pode se tornar um problema frente ao perfil biofarmacêutico do fármaco e a via de administração escolhida. A administração de comprimidos via sonda enteral requer transformações das características físicas originais, através da trituração, podendo implicar na efetividade e segurança do mesmo. Objetivo: Analisar a forma de administração de comprimidos de Metoprolol de liberação prolongada. Metodologia: Estudo descritivo, realizado em um hospital geral de ensino no interior da Bahia, em maio e junho de 2019. Foram analisados dados secundários de prescrições contendo Metoprolol, succinato 50mg com liberação prolongada, considerando como incorretas a utilização via sonda enteral e a partição ou trituração dos comprimidos. Resultados: Dentre as 117 prescrições analisadas, foram identificadas 50 (42,73%) com indicação para administração via oral, destes não foram encontradas anotações se os comprimidos foram triturados, 25 (21,36%) não continham informações sobre a forma de administração ou utilização de sonda, 35 (29,91%) com utilização por sonda enteral e 7 (5,98%) com indicação para utilizar meio comprimido, de forma que foram identificados 42 (35,8%) erros de medicação. A técnica normalmente utilizada para administração de medicamentos orais através de sonda enteral consiste basicamente na trituração dos comprimidos e dissolução. Porém, para comprimidos com liberação modificada, a partição ou trituração pode tornar-se um problema pois sofrem perda desta propriedade resultando em níveis sanguíneos erráticos, ocasionando em riscos de absorção aumentada ou diminuída do fármaco. Outro fator de complicação é o risco de obstrução da sonda que pode interromper a terapia medicamentosa e requerer a repassagem de uma nova sonda, implicando em riscos adicionais para o paciente e maior custo para a instituição. Conclusão: Foram identificados erros de medicação com o uso do Metoprolol de liberação prolongada, como a partição e a utilização via sonda enteral, os quais evidenciaram a falta de conhecimento por parte dos profissionais sobre as propriedades físico-químicas dos fármacos e das formulações de liberação modificada. O farmacêutico deve ser solicitado a fim de interagir com a equipe multiprofissional, para discutir sobre a conduta farmacológica mais viável em pacientes submetidos à nutrição enteral.