Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)
ANÁLISE DO ESTRESSE OXIDATIVO EM INDIVÍDUOS COM ANEMIA FALCIFORME EM USO DE HIDROXICARBAMIDA
Abstract
A produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) é observada no metabolismo humano naturalmente, e sofre ação de antioxidantes para proteção do organismo e equilíbrio do sistema REDOX. A hemoglobina S (HbS) é menos estável que a Hb A normal, provocando altas concentrações de ERO em indivíduos com anemia falciforme (AF), doença caracterizada pela homozigose da HbS. Esses indivíduos possuem estresse oxidativo crônico devido ao desequilíbrio entre as ERO e a proteção antioxidante. O principal tratamento para pacientes que possuem quadro clínico grave da AF é o uso de hidroxicarbamida (HU), que atua no aumento da hemoglobina fetal (HbF) diminuindo as concentrações de Hb S nas hemácias, promovendo também, melhora da inflamação e da hemólise. O objetivo deste trabalho foi analisar o estresse oxidativo, por meio do TBARS (espécies reativas do ácido tiobarbitúrico), em indivíduos com AF que faziam ou não uso de HU, comparativamente. Foram selecionados 169 indivíduos com genótipo HbSS (117 sem uso de HU e 52 com uso de HU), que foram comparados quanto ao valor de TBARS. Ambos os grupos foram analisados comparativamente também, a um grupo sem hemoglobinopatias, caracterizando assim os valores de normalidade para esse parâmetro (549 ± 50 ng/mL). Os indivíduos com AF em tratamento com HU apresentaram valor médio de TBARS de 2.242 ± 221,4 ng/mL, enquanto os indivíduos que não faziam tratamento com HU apresentaram TBARS de 3.018 ± 232,2 ng/mL. O grupo com AF que não fazia uso de HU apresentou valores de TBARS cinco vezes maiores do que o valor de normalidade, enquanto o grupo de AF que estava em tratamento com HU apresentou um aumento de quatro vezes nesses valores. Quando comparados entre si, os grupos de AF em tratamento com HU e o grupo sem tratamento com HU, apresentaram diferença estatística com valor de p = 0.0410, demonstrando menor estresse oxidativo nos indivíduos em tratamento com HU. Ao compararmos os dois grupos e seus níveis de gravidade, obtivemos 29,06% de indivíduos que não fazia uso de HU com quadro clínico leve, enquanto no grupo em tratamento com HU haviam 34,62% de indivíduos nesta mesma faixa. Com gravidade moderada, foram 46,15% de indivíduos sem tratamento e 38,46% em tratamento com HU. Os resultados mostram que o estresse oxidativo em pessoas que fazem uso de HU, apesar de elevado em comparação com os valores de normalidade, são menores que o estresse oxidativo em indivíduos que não fazem o uso do medicamento, confirmando assim, o potencial oxidativo da HbS.