Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (Nov 2007)

Qualidade da consulta de Medicina Geral e Familiar: conseguem os médicos julgar corretamente a qualidade sentida pelos doentes?

  • Luiz Miguel Santiago,
  • Tiago Santos,
  • Inês Rosendo,
  • Gonçalo Pimenta,
  • Dina Martins,
  • Maria Prazeres Francisco,
  • Maria da Glória Neto

DOI
https://doi.org/10.5712/rbmfc3(9)78
Journal volume & issue
Vol. 3, no. 9

Abstract

Read online

A valorização da atividade médica em Medicina Geral e Familiar (MGF), conhecida no Brasil como Medicina de Família e Comunidade, depende, entre outros fatores, do resultado de um encontro médico/doente. O especialista em MGF, ao ter de gerir a sua atividade com base nos pilares fundamentais do contexto, da ciência e da atitude, deve ponderar que a qualidade é algo que depende também da interface que ele contata. Objetivos: verificar a satisfação dos pacientes com a consulta médica de Clínica Geral. Averiguar a capacidade de os médicos avaliarem corretamente a satisfação dos pacientes na consulta. Foi feito um estudo observacional, transversal, com intenção analítica. O material utilizado consistiu em: três médicos de Medicina Geral e Familiar de um Centro de Saúde, questionário validado e usuários da consulta em dois dias distintos de trabalho. Métodos: em dois dias de atividade, apenas sabidos no início de período laboral, foram entregues pelos médicos o questionário com 11 afirmações. No final da cada consulta os médicos preenchiam questionário sobre os mesmos pontos, mas, na sua óptica e após a saída do paciente. Critérios de inclusão: maiores de 16 anos, capacidade de leitura e escrita e aceitação para participar. Análise estatística descritiva e inferencial ( 2 e t de student). Análise de diferenças na resposta às afirmações do questionário, por um modelo de correlação bi-variada com o coeficiente tau-b de Kendall com sensibilidade a 5%. Resultados: recebidos 43 (64,2%) dos questionários entregues. Idade média de 42,7±16,8 anos, sendo majoritariamente do sexo feminino (72,1%). Para 51,3% da amostra não terá havido possibilidade de falar sobre as preocupações de saúde e para 50% não parecem ter sido recebidas instruções acerca de estilos de vida saudáveis para a doença, e para 56,1% o tempo de duração da consulta não terá sido suficiente. Sem diferenças com significado as respostas por sexo, grupo etário e formação. Apenas na questão de o médico querer advogar a saúde do doente, as respostas são consonantes entre doentes e médicos. Conclusões: boa avaliação da consulta nos 11 fatores estudados. Os médicos revelam baixa capacidade de avaliação correta da satisfação dos pacientes na consulta, apenas estando médico e doente de acordo quanto à disponibilidade do médico para advogar a saúde do paciente.

Keywords