Jornal Brasileiro de Pneumologia (Dec 2007)

Traqueostomia na UTI: vale a pena realizá-la? Tracheostomy in the ICU: is it worthwhile?

  • João Aléssio Juliano Perfeito,
  • Caio Augusto Sterse da Mata,
  • Vicente Forte,
  • Martin Carnaghi,
  • Nikei Tamura,
  • Luiz Eduardo Villaca Leão

DOI
https://doi.org/10.1590/S1806-37132007000600012
Journal volume & issue
Vol. 33, no. 6
pp. 687 – 690

Abstract

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OBJETIVO: Analisar a viabilidade, as complicações e a mortalidade da traqueostomia realizada em ambiente de unidade de terapia intensiva (UTI). MÉTODOS: Análise retrospectiva dos prontuários médicos dos 73 pacientes que foram submetidos à traqueostomia nos leitos das UTIs do Hospital São Paulo da Universidade Federal de São Paulo no período de janeiro a novembro de 2003. Os procedimentos foram realizados sempre por um residente de cirurgia, sob a orientação de um cirurgião torácico, utilizando a técnica aberta sistematizada no serviço. RESULTADOS: A idade média dos pacientes foi de 55,2 anos, sendo que 47 eram do sexo masculino (64,4%) e 26 eram do sexo feminino (35,6%). A indicação mais freqüente foi a intubação orotraqueal prolongada (76,7%). Não houve mortalidade relacionada ao procedimento, e em todos os pacientes o procedimento pôde ser realizado na UTI. As complicações imediatas ocorreram em 2 pacientes (2,7%), nos quais houve sangramento local aumentado que cessou com compressão local. A complicação tardia foi a infecção ao redor da ferida operatória, a qual ocorreu em 2 pacientes (2,7%) e foi tratada com curativos locais, sem maiores repercussões clínicas. CONCLUSÕES: Com base nos resultados de nossa análise, os quais são comparáveis aos resultados sobre traqueostomias realizadas no centro cirúrgico encontrados na literatura, concluímos que a traqueostomia na UTI é viável e apresenta baixo índice de complicações, mesmo quando realizada em pacientes graves por cirurgiões em treinamento. Portanto, a nosso ver, é possível afirmar que vale a pena realizar a traqueostomia na UTI.OBJECTIVE: To determine the feasibility of performing tracheostomy in the intensive care unit (ICU) environment and to assess procedure-related complications and mortality. METHODS: The medical records of the 73 patients submitted to tracheostomy in the ICU of the Federal University of São Paulo Hospital São Paulo between January and November of 2003 were evaluated retrospectively. All operations were performed by surgical residents, under the supervision of a thoracic surgeon, using the open technique standardized at the facility. RESULTS: The mean age of the patients was 55.2 years. Of the 73 patients evaluated, 47 (64.4%) were male and 26 (35.6%) were female. The most common indication was prolonged orotracheal intubation (76.7%). There was no procedure-related mortality, and, in all patients, the procedure was successfully performed in the ICU. Early complications occurred in 2 patients (2.7%), who presented increased local bleeding, which was controlled using compression. The late complication was infection at the incision site, which occurred in 2 patients (2.7%) and was treated by applying local dressings, without further clinical repercussions. CONCLUSIONS: Based on the results of our analysis, which are comparable to those found in the literature regarding tracheostomy performed in the operating room, we concluded that tracheostomy in the ICU is feasible and presents a low rate of complications, even when performed in critically ill patients and by surgeons in training. Therefore, in our view, it is possible to state that performing tracheostomy in the ICU is worthwhile.

Keywords