Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

DIAGNÓSTICO E MANEJO DE MIELOMA MÚLTIPLO EM PACIENTE COM COMORBIDADES CARDIOVASCULARES: RELATO DE CASO

  • GO Borges,
  • IDM Gonçalves,
  • RMS Soares,
  • DN Cysne,
  • GC Pereira,
  • JAS Abdon,
  • CC Sartório,
  • FD Xavier,
  • FSB Ferreira

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S419 – S420

Abstract

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Objetivos: Descrever caso de Mieloma Múltiplo (MM) em paciente com antecedentes cardiovasculares, tratado com 4 procedimentos cirúrgicos previamente à realização de Transplante de Medula Óssea Autólogo (ATMO). Material e métodos: Leitura e coleta de dados do prontuário de paciente acompanhado em centro de referência em Hematologia. Resultados: Paciente masculino, 51 anos, com antecedentes de Doença multivalvar Reumática estágio D, Fibrilação Atrial e Acidente Vascular Cerebral Isquêmico prévio em 2006 e 2007, foi internado em novembro de 2022 com quadro de tosse, febre e sintomas de Insuficiência Cardíaca descompensada (perfil B). Durante a investigação, foi evidenciada anemia e lesões líticas em corpos vertebrais de T10, L1 e esterno, consolidação sugestiva de pneumonia bacteriana e linfonodos mediastinais proeminentes de até 1,3 cm em Tomografia Computadorizada de Tórax. Em eletroforese de proteínas e em imunofixação foi verificado pico monoclonal de 3,55 g/dL e proteína monoclonal IgG Kappa. O estudo imunofenotípico evidenciou 16,44% de plasmócitos com imunofenótipo anormal positivos para os marcadores CD27 (fraco), CD38, CD56, CD81, CD117, CD138 e negativos para CD19 e CD45, e com restrição de cadeia leve kappa (citoplasmático). A biópsia de medula óssea apresentava 80% de celularidade à custa de intensa plasmocitose com formas atípicas, sendo 70% de plasmócitos de fenótipo anômalo (CD56+/CD117+) e com restrição de cadeia leve Kappa. Confirmado o diagnóstico de Mieloma Múltiplo sintomático, foi iniciado tratamento quimioterápico com esquema Dara-VTd (Daratumumabe, Bortezomibe, Talidomida e Dexametasona), com resposta parcial após 4 ciclos. Como programação de ATMO para consolidação, paciente foi submetido cirurgia de troca valvar mitral metálica, plicatura tricúspide, exclusão de auriculetas e Cox-Maze como preparo e foi submetido a autoTMO, sem intercorrências cardiovasculares ou relacionadas à anticoagulação necessária. Discussão: O MM é uma malignidade hematológica rara, com mediana de idade de ocorrência aos 65 anos e com tratamento sem intenção curativa até o momento, mas com objetivo de aliviar sintomas, reverter lesões de órgão alvo, manter resposta sustentada, melhorar qualidade de vida e prolongar a sobrevida global. Os casos elegíveis a Transplante de Medula Óssea devem ser sempre encaminhados e o timing para o procedimento inclui o manejo de comorbidades concomitantes. Neste caso relatado, o paciente procurou o serviço de saúde devido a sintomatologia cardiovascular porém foi detectada neoplasia hematológica concomitante. Após firmado o diagnóstico, o tratamento do MM foi iniciado e a equipe da Cardiologia teve extrema importância em otimizar o manejo da Insuficiência Cardíaca e programar a correção cirúrgica das alterações valvulares a fim de propiciar a realização da consolidação do tratamento com o Transplante de Medula Óssea (TMO) com maior segurança para o paciente. Conclusão: Embora o tratamento do MM seja bem diversificado, o manejo da doença em pacientes com outras comorbidades graves ainda permanece um desafio. No caso descrito, o paciente necessitou de uma cirurgia cardiovascular de grande porte antes de prosseguir para o autoTMO, um caso considerado de alto risco para intercorrências.