Nova Revista Amazônica (Dec 2019)

OS SABERES TRADICIONAIS DOS PESCADORES DE CARANGUEJO-UÇÁ E O MANGUEZAL: O CASO DE TAMATATEUA, BRAGANÇA - PARÁ, COSTA AMAZÔNICA BRASILEIRA

  • Francisco Pereira de Oliveira,
  • Gamaliel Tarsos de Sousa,
  • Klayton Luiz Campelo Silva,
  • Marcus Emanuel Barroncas Fernandes

DOI
https://doi.org/10.18542/nra.v7i3.7938
Journal volume & issue
Vol. 7, no. 3

Abstract

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O presente estudo enfoca o saber empírico e as percepções ambientais dos pescadores de caranguejo-uçá (Ucides cordatus) da região de Tamatateua, município de Bragança, nordeste do Pará. Visa descrever os saberes tradicionais dos pescadores deste recurso com enfoque no conhecimento ecológico a partir de suas percepções e estreita relação com o ecossistema manguezal. Fez-se uso da abordagem qualitativa de pesquisa, em que a técnica e o instrumento de pesquisa transitaram com o uso de entrevistas a partir de um questionário elaborado com perguntas semiestruturadas, respectivamente. A coleta de dados ocorreu entre os anos de 2017 e 2018, com 14 (quatorze) pescadores de caranguejo-uçá, com idade que variaram entre 22 e 62 anos, em que o processo analítico fez uso da análise de conteúdo. Os resultados demonstram que os pescadores possuem saberes ecológicos elaborados sobre o espécime caranguejo-uçá, assim como dos fenômenos naturais e ambientais. Percebem a conexão entre o ser humano e o manguezal como sinônimo de alimentação, comercialização, cultura, religiosidade, dentre outros, o que, de alguma forma, influencia diretamente nos saberes repassados de geração a geração por meio da educação não formal e informal. Constatou-se, ainda, que o manejo do recurso caranguejo-uçá se deve ao processo de aprendizagem ocorrido cotidianamente entre o parentesco (pai, filho, neto, tios e outros), assim como no processo e socialização (partilha) entre amigos do “manguezal”. Doutro lado, identificou-se que mesmo utilizando-se de práticas e artes predatórias, como o gancho, os pescadores as reconhecem como tal, porém revelam a ideia de manutenção do recurso quando argumentam o respeito nos períodos de reprodução do espécime.