Musica Theorica (Apr 2021)
Domenico Scarlatti, artista fugidio: visões de seu “estilo misto” ao fim do século XVIII
Abstract
Uma mudança permanente aos 34 anos de idade, da Itália para os serviços privados da princesa Maria Bárbara, em Portugal e posteriormente na Espanha, permitiu que Domenico Scarlatti fugisse da fama e da classificação estilística. Na ausência de uma categoria convincente para a música de Scarlatti – pós-Barroca? Pré-Clássica? Galante? Transitória? – o especialista em Scarlatti, W. Dean Sutcliffe, recorre à expressão adequada “estilo misto”. Entretanto, Sutcliffe reconhece que “muito das sonatas de Scarlatti deve ser considerado à luz do estilo Clássico”, e eu também. Particularmente, o tipo específico de forma bipartida que o compositor emprega na maior parte de suas 555 sonatas para teclado sobreviventes dificilmente era único no continente durante o tempo em que viveu, e esta forma continuou a aparecer mesmo muito depois de dar lugar ao que hoje chamamos de “sonata Clássica”. Os “mecanismos de escape” musicais do compositor – atrasos surpreendentes de resultados esperados por meio de cadências evadidas e repetições “mais uma vez” – podem ser “avistados” em grande parte do repertório do fim do século XVIII, especialmente na música de Mozart. Todavia, nenhuma comparação da música de Scarlatti com a de seus sucessores pode diminuir sua exuberância “espanhola”, sua predileção pela justaposição de ideias totalmente diferentes em um único movimento – resumindo, suas contribuições características e sem paralelo para a música para teclado. Palavras-chave: A forma sonata Tipo 2 de Hepokoski e Darcy; Estratégias cadenciais; A técnica “mais uma vez”; Virtuosismo com sequências