Revista Portuguesa de Pneumologia (Mar 2005)

Efeitos do tiotrópio na hiperinsuflação pulmonar, dispneia e tolerância ao exercício na DPOC

  • D.E. O’Donnell,
  • T. Flüge,
  • F. Gerken,
  • A. Hamilton,
  • K. Webb,
  • B. Aguilaniu,
  • B. Make,
  • H. Magnussen

Journal volume & issue
Vol. 11, no. 2
pp. 192 – 194

Abstract

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Resumo: O tiotrópio é um antagonista específico do receptor muscarínico M3 proporcionando uma broncodilatação prolongada.O objectivo do presente estudo foi testar a hipótese de que o tiotrópio, um broncodilatalor anticolinérgico de longa acção, estaria associado a uma redução da hiperinsuflação pulmonar e, dessa forma, poderia melhorar a dispneia de esforço e a tolerância ao exercício em doentes com DPOC.Segundo os autores, o uso de tiotrópio em toma única diária melhorava o volume de Tidal, diminuía a hiperinsuflação pulmonar em repouso e exercício, traduzindo-se, assim, no alívio da dispneia de esforço. Foi efectuado em estudo multicêntrico, randomizado, duplamente cego, com um grupo de controlo placebo envolvendo 187 indivíduos. Foram incluídos doentes estáveis com idades compreendidas entre os 40 e 70 anos, fumadores≥10 UMA, com um VEMS≤65% do previsto e uma CRF ≥120% do previsto (pletismografia). Foram eliminados indivíduos com outras patologias que poderiam contribuir para a dispneia de esforço e intolerância ao exercício: história de asma, rinite alérgica e atopia; importantes contra-indicações à prova de esforço; limitação ao exercício não relacionada com a dispneia de esforço; participação em programa de reabilitação nas 6 semanas anteriores ao início do ensaio. Foram permitidos os seguintes fármacos: corticosteróides inalados e orais, xantinas orais, mucolíticos sem componente broncodilatador.O β2 agonista de curta acção salbutamol (100 mg) foi utilizado como terapêutica de alívio durante o ensaio, não tendo sido aplicado nas 6 horas que antecederam cada visita, enquanto os β2 agonistas de longa acção não foram autorizados. Nos doentes medicados com anticolinérgicos, estes foram retirados, pelo menos um dia antes do início do estudo.Na primeira visita, os doentes foram submetidos a testes funcionais pulmonares (pletismografia corporal global, espirometria, capacidade de difusão de CO) e prova de esforço em ciclo ergométrico com cargas progressivamente crescentes para determinação da Wmax (carga máxima que o individuo era capaz de suportar por um período≥30s).Foi administrado 18 mg de tiotrópio ou placebo numa dose única diária durante 42 dias através de um inalador de pó seco (HandiHaler).Nos dias 0, 21 e 42 foram efectuadas provas funcionais antes e 80 minutos após a administração do fármaco e prova de esforço 135 minutos após a mesma. Foi avaliado o tempo compreendido entre o aumento da carga de 75% da Wmax atingido sem aparecimento de sintomas.Dos 198 doentes randomizados (98 grupo tiotrópio, 100 grupo placebo), 187 (96 grupo tiotrópio, 91 grupo placebo) completaram, pelo menos, 18 dias de tratamento e foram incluídos na análise estatística. No dia 42 do ensaio, verificou-se que o uso do tiotrópio foi associado com os seguintes efeitos pré e pós-administração da dose (quando comparado com o placebo): aumento da CV e CRI com redução inversa do VR e CRF; aumento da capacidade de tolerância máxima ao exercício de 105±40s (21%); aumento da CI, VT e V/M na prova de esforço; diminuição na escala de dipneia de Borg de 0,9±0,3 pontos. Palavras-chave: Tiotrópio, DPOC, hiperinsuflação pulmonar, tolerância ao exercício