Revista Brasileira de Educação Médica (Jun 2024)

Conhecimento dos acadêmicos de Medicina da Amazônia acerca das línguas indígenas e da Libras

  • Poliana Lucena dos Santos,
  • Diego Guilherme Santos Portella,
  • Jam Muhammad Ishtiaq,
  • Ruy Guilherme Silveira de Souza,
  • Bianca Jorge Sequeira

DOI
https://doi.org/10.1590/1981-5271v48.3-2023-0210
Journal volume & issue
Vol. 48, no. 3

Abstract

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RESUMO Introdução: A qualidade da comunicação entre o profissional de saúde e o paciente é um importante pilar para uma atenção em saúde eficiente. O estado de Roraima caracteriza-se por possuir um alto percentual de indígenas, além de outros grupos que demandam linguagens de comunicação específicas. Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar comparativamente os níveis de conhecimento dos estudantes do curso de Medicina e dos profissionais médicos recém-formados pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e dos discentes de outros cursos de graduação da UFRR, que não pertencem à área de saúde, acerca da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e das línguas indígenas Macuxi, Yanomami e Wapichana. Método: Trata-se de um estudo de corte transversal, observacional e descritivo, com caráter quantitativo, envolvendo 202 participantes, o qual utilizou como ferramenta de coleta de dados um questionário estruturado aplicado de forma virtual. Resultado: O presente estudo envolveu 80 estudantes ou profissionais recém-formados em Medicina (39,6%), 47 estudantes ou profissionais recém-formados de Engenharia (23,3%) e 75 estudantes ou profissionais recém-formados de Direito (37,1%). Dentre a totalidade dos participantes, 100 eram homens (49,5%) e 102 mulheres (50,5%). Houve associação entre cursar Medicina e saber falar pelo menos uma língua indígena (p = 0,0004). Essa relação não foi evidenciada nos cursos de Direito e Engenharia Civil. Também foi identificada a associação entre estar cursando ou ter cursado Medicina e ter interesse em aprender Libras (p = 0,0159) ou ter interesse em aprender uma língua indígena (p = 0,0054). Essa associação não foi identificada entre os alunos que cursaram ou estavam cursando Direito ou Engenharia Civil. Conclusão: Apesar de os participantes de Medicina possuírem um maior nível de conhecimento a respeito de línguas indígenas e Libras, quando comparados aos outros cursos, isso não garante uma atenção em saúde efetiva em sua integralidade, uma vez que se evidenciou uma grande dificuldade no processo de comunicação entre eles com indígenas e pessoas surdas.

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