Arquivos Brasileiros de Cardiologia (Oct 2023)

Dados de Vida Real sobre o Uso da Hidroxicloroquina ou da Cloroquina Combinadas ou Não à Azitromicina em Pacientes com Covid-19: Uma Análise Retrospectiva no Brasil

  • Maíra Viana Rego Souza-Silva,
  • Daniella Nunes Pereira,
  • Magda Carvalho Pires,
  • Isabela Muzzi Vasconcelos,
  • Alexandre Vargas Schwarzbold,
  • Diego Henrique de Vasconcelos,
  • Elayne Crestani Pereira,
  • Euler Roberto Fernandes Manenti,
  • Felício Roberto Costa,
  • Filipe Carrilho de Aguiar,
  • Fernando Anschau,
  • Frederico Bartolazzi,
  • Guilherme Fagundes Nascimento,
  • Heloisa Reniers Vianna,
  • Joanna d’Arc Lyra Batista,
  • Juliana Machado-Rugolo,
  • Karen Brasil Ruschel,
  • Maria Angélica Pires Ferreira,
  • Leonardo Seixas de Oliveira,
  • Luanna Silva Monteiro Menezes,
  • Patricia Klarmann Ziegelmann,
  • Marcela Gonçalves Trindade Tofani,
  • Maria Aparecida Camargos Bicalho,
  • Matheus Carvalho Alves Nogueira,
  • Milton Henriques Guimarães-Júnior,
  • Rúbia Laura Oliveira Aguiar,
  • Danyelle Romana Alves Rios,
  • Carisi Anne Polanczyk,
  • Milena Soriano Marcolino

DOI
https://doi.org/10.36660/abc.20220935
Journal volume & issue
Vol. 120, no. 9

Abstract

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Resumo Fundamento Apesar da ausência de evidência mostrando benefícios da hidroxicloroquina e da cloroquina combinadas ou não à azitromicina no tratamento da covid-19, esses medicamentos têm sido amplamente prescritos no Brasil. Objetivos Avaliar desfechos, incluindo moralidade hospitalar, alterações eletrocardiográficas, tempo de internação, admissão na unidade de terapia intensiva, e necessidade de diálise e de ventilação mecânica em pacientes hospitalizados com covid-19 que receberam cloroquina ou hidroxicloroquina, e comparar os desfechos entre aqueles pacientes e seus controles pareados. Métodos Estudo multicêntrico retrospectivo do tipo coorte que incluiu pacientes com diagnóstico laboratorial de covid-19 de 37 hospitais no Brasil de março a setembro de 2020. Escore de propensão foi usado para selecionar controles pareados quanto a idade, sexo, comorbidades cardiovasculares, e uso de corticosteroides durante a internação. Um valor de p<0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados Dos 7850 pacientes com covid-19, 673 (8,6%) receberam hidroxicloroquina e 67 (0,9%) cloroquina. A idade mediana no grupo de estudo foi 60 (46-71) anos e 59,1% eram mulheres. Durante a internação, 3,2% dos pacientes apresentaram efeitos adversos e 2,2% necessitaram de interromper o tratamento. Alterações eletrocardiográficas foram mais prevalentes no grupo hidroxicloroquina/cloroquina (13,2% vs. 8,2%, p=0,01), e o prolongamento do intervalo QT corrigido foi a principal diferença (3,6% vs. 0,4%, p<0,001). O tempo mediano de internação hospitalar foi maior no grupo usando CQ/HCQ em relação aos controles (9,0 [5,0-18,0] vs. 8,0 [4,0-14,0] dias). Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos quanto a admissão na unidade de terapia intensiva (35,1% vs. 32,0%; p=0,282), ventilação mecânica invasiva (27,0% vs. 22,3%; p=0,074) ou mortalidade (18,9% vs. 18,0%; p=0,682). Conclusão Pacientes com covid-19 tratados com cloroquina ou hidroxicloroquina apresentaram maior tempo de internação hospitalar, em comparação aos controles. Não houve diferença em relação a admissão em unidade de terapia intensiva, necessidade de ventilação mecânica e mortalidade hospitalar.

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