Artefilosofia (Feb 2021)

Distopias e filosofia da tecnologia

  • Luiz Adriano Gonçalves Borges

Journal volume & issue
Vol. 16, no. 30

Abstract

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Este artigo examina distopias enquanto profecias de um futuro indesejado se não se esforçar para evitá-lo; mais que isso, serão examinadas enquanto experimento mentais. A metodologia do artigo se dará pela análise de algumas ficções científicas distópicas procurando perceber elementos relacionados ao transumanismo, uma vertente otimista com relação à ciência e a tecnologia, conjugada com uma análise com a filosofia transumanista. Nem todas as obras estão se referindo diretamente ao transumanismo, mas o fio condutor das preocupações presentes nestes livros são questões antropológicas, de natureza humana, que se apresentaram no âmago da discussão transumanista. Podemos perceber a discussão transumanista em dois extremos e que aparecem nas distopias: os bioconservadores, clamando por prudência e cautela, e os transumanistas propriamente ditos, apontando a necessidade de dirigir a evolução através do instrumental científico e tecnológico. As distopias exageram, aumentando as implicações negativas de tecnologias que no início pareciam inofensivas, com o objetivo de fazer pensar. É nisso que consiste experimentos mentais em filosofia. As obras analisadas serão: “A máquina parou” de E. M. Foster, “Nós” de Ievguêni Zamiátin, “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley, “A guerra das salamandras” de Karel Čapek e a “Aquela fortaleza medonha” de C. S. Lewis.