Ciência & Educação (Dec 2005)

Culturas das Ciências Naturais Cultures of Natural Sciences

  • Maria Margaret Lopes

DOI
https://doi.org/10.1590/S1516-73132005000300009
Journal volume & issue
Vol. 11, no. 3
pp. 457 – 470

Abstract

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Este artigo apresenta subsídios para o ensino de História das Ciências, considerando particularmente o campo da História da História Natural e das Ciências Naturais. Sem ser uma revisão completa da historiografia desses campos de conhecimento sobre o mundo natural, retoma alguns traços gerais desses longos processos de definição de campos disciplinares que se configuram desde a Renascença até o final do século XVIII. Considera diversas tradições culturais e historiográficas que contribuíram para os nossos entendimentos atuais, de como a História Natural do Renascimento foi abandonando seus antigos quadros conceituais, assumindo novas práticas e se constituindo nas tradições da História Natural do século XVIII. Comenta esses processos, em que tanto a Botânica, a Zoologia, a Mineralogia se individualizam como áreas de conhecimentos apoiadas em práticas locais e coleções globais, indo além de sua subordinação à utilidade médica; bem como suas organizações em áreas de conhecimento, por começarem a se colocar questões relativas à origem e à historicidade dos seres e processos naturais, dados os avanços das temáticas classificatórias e das discussões envolvendo temporalidades.This paper provides insights into the teaching of the History of Science, especially the field of the History of Natural History and Natural Sciences. Although not claiming to be a complete historiographic review of these areas of knowledge about the natural world, it outlines the general traits of the long process of definition of disciplines that were shaped from the Renaissance to the end of the XVIII century. It encompasses various cultural and historiographic traditions that contributed to our present understanding of how Renaissance Natural History abandoned its ancient conceptual frameworks and assumed new practices and shaped itself in the tradition of XVIII century Natural History. The paper comments on these processes by which Botany, Zoology and Mineralogy were individualized as knowledge supported by local practice and global collections, beyond their subordination to medical use. It deals also with their organization as areas of knowledge arising from questioning the origins and historicity of natural beings and processes, due to advances in the realms of ordering and classification and discussions about temporality.

Keywords