Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Nov 2024)
ID042 Impacto orçamentário da incorporação do sistema de monitoramento intermitente de glicose para indivíduos com Diabetes Mellitus Tipo 1
Abstract
Introdução O automonitoramento da glicemia é uma estratégia importante no manejo da diabetes com potencial para prevenir e controlar o risco de hipoglicemia e, consequentemente atrasar o início e a progressão das complicações da doença. Sistemas de monitoramento intermitente de glicose são capazes de medir a glicose no fluido intersticial em intervalos programados sem necessidade de picada no dedo. Esses instrumentos, a exemplo do FreeStyle® Libre, são baseados em sensores eletroquímico operométricos com capacidade de realizar leitura nos intervalos 40 a 500 mg/ dL, com memória de 8 horas e durabilidade de 14 dias. As leituras podem ser realizadas com um leitor específico ou smartphone; neste último caso, é necessário que o aparelho possua tecnologia Near Field Communication-NFC. O objetivo desse trabalho é o de avaliar o potencial impacto orçamentário – IO decorrente da incorporação do FreeStyle® Libre para indivíduos com diabetes mellitus tipo 1-DM1. Métodos As análises foram realizadas através do aplicativo excel para um horizonte temporal de 5 anos sob a perspectiva do estado de Mato Grosso. Assumiu-se que o sistema FreeStyle® teria caráter substitutivo ao automonitoramento com glicemia capilar e que não haveria introdução de novos métodos no horizonte temporal considerado. O modelo não considerou custos com fitas reservas para eventual aferição comparativa; nem com sensores perdidos por remoção antecipada. O cálculo dos custos considerou que o uso da tecnologia exige um leitor específico disponibilizado uma única vez, bem como a oferta de 26 sensores/ano/indivíduo. A população elegível, indivíduos com 18 anos ou mais com DM1 e hipoglicemia grave, foi selecionada com auxílio de uma síntese de evidência que procurou identificar entre os indivíduos com DM1 aqueles que mais se beneficiavam com a tecnologia, considerando desfechos ligados a hipoglicemia. As taxas de implantação assumidas para os anos de 1 a 5 foram: 27%; 30%; 33%; 36% e 40%, respectivamente com base na frequência com que os diabéticos brasileiros monitoram a glicose; na aceitação da tecnologia e na proporção de pessoas diabéticas com acesso a consulta e exames. Foi executada uma análise de sensibilidade bivariada modificando os parâmetros população e taxa de implantação dando origem a um cenário otimista e outro pessimista. Um cenário com uso de smartphones em substituição aos leitores foi simulado. Resultados A população elegível foi de 2.522 indivíduos com um incremento anual de 2,6% para os anos subsequentes. O custo anual com sensores/indivíduo foi de R$7.774,00 e com o leitor de R$299,00/indivíduo para todo o horizonte temporal. No ano 1 e 5 o IO foi de R$ 5.497.228,62 e R$ 8.712.561,00 respectivamente. A substituição de leitores por smartphones não se mostrou sensível para o período de tempo considerado. A análise de sensibilidade demonstrou que num cenário mais otimista o IO no primeiro ano pode ser de R$ 3.763.548,88 e de R$ 5.799.487,72 no quinto ano. Já para o cenário mais pessimista o IO seria de R$7.348.606,72 e R$11.883.264,640 para os anos 1 e 5, respectivamente. Discussões e conclusões O IO de uma possível incorporação do FreeStyle® é expressivo quando comparado com o histórico de gastos com insulinas análogas disponibilizadas a população de DM1 no estado de Mato Grosso. No período de 2018 a 2022 o estado desembolsou de R$ 3.547.953,77 a R$ 5.116.775,92 com a oferta de insulina glargina e insulina ultrarrápida beneficiando até 3.663 indivíduos.
Keywords