Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DE POLIMORFISMOS NOS GENES PRF1 E GZMB QUANTO AO DESFECHO E A GRAVIDADE EM PACIENTES COM COVID-19

  • LF Ananias,
  • ACCH Cunha,
  • ACDM Carneiro,
  • BGA Rocha,
  • CR Carminati,
  • LQ Pereira,
  • VR Júnior,
  • SCSV Tanaka,
  • HM Souza,
  • FB Vito

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S124

Abstract

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Objetivo: Avaliar a influência de polimorfismos na expressão dos genes que codificam as proteínas citolíticas perforina (PRF1) e granzima B (GZMB) e de suas relações com o desfecho e a gravidade em pacientes com COVID-19. Materiais e métodos: Foram coletadas amostras de sangue periférico de 138 indivíduos infectados pelo SARS-CoV-2 em hospitais do município de Uberaba/MG no ano de 2020, sendo 79 amostras de homens e 59 de mulheres, com uma média de 69 (16,37) anos de idade. Após extração do DNA, foi investigada a presença dos polimorfismos rs35947132 (A91V) e rs885822 (H300H) no gene PRF1 e rs8192917 (Q48R) no gene GZMB, utilizando ensaios de discriminação alélica por meio da técnica de PCR em tempo real. Além disso, foi extraída a molécula de RNA seguida da realização de transcrição reversa para a quantificação da expressão gênica de PRF1 e GZMB também utilizando a técnica de PCR em tempo real. Resultados: Foi observado um predomínio do genótipo homozigoto para o alelo selvagem tanto em relação ao polimorfismo rs35947132 (79,4%) quanto para o rs8192917 (46,0%). Já em relação ao polimorfismo rs885822, a maioria das amostras apresentaram genótipo heterozigoto (32,4%). Não foram observadas diferenças significativas ao associar a presença do genótipo ou do alelo variante com a gravidade ou desfecho clínico dos indivíduos infectados. Além disso, foi investigada a presença dos alelos variantes e sua relação com a expressão gênica de perforina e granzima B, porém não foram vistas diferenças, apesar terem sido observados valores de medianas maiores nos indivíduos sem o alelo variante considerando os polimorfismos rs35947132 (0,028 versus 0,014; p = 0,66) e rs885822 (0,031 versus 0,019; p = 0,20). Discussão: A presença do polimorfismo rs35947132 no gene PRF1 já foi associada à tradução de uma proteína com estabilidade reduzida, que compromete a capacidade citolítica dos linfócitos citotóxicos, além de estar associada à linfohistiocitose hemofagocítica familiar. Já o polimorfismo rs885822 foi associado à ocorrência da tempestade de citocinas, intimamente ligada à maior gravidade na COVID-19. Quanto à variante rs8192917 presente no gene GZMB, já foi relatado que estaria associada a uma menor citotoxicidade das células Natural Killer, reduzindo a responsividade imune frente à infecção, porém, também não associaram essa variante com a redução na expressão dos transcritos desse gene, o que corrobora os resultados deste trabalho, sugerindo que não há um desequilíbrio de ligação com reguladores do gene GZMB. A não observância da relação da presença destes polimorfismos e a gravidade e desfecho na presente pesquisa poderia ser devida ao baixo número amostral avaliado. Conclusão: Este estudo revelou não haver associação entre os polimorfismos rs35947132, rs885822 e rs8192917 e a gravidade ou desfecho de indivíduos com COVID-19, apesar dos valores medianos indicarem uma diminuição da expressão das proteínas citolíticas nos indivíduos que apresentam o alelo variante.