Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

EP-203 - EFICÁCIA DO TRANSPLANTE DE MICROBIOTA FECAL NO CONTROLE DE INFECÇÕES POR ENTEROBACTÉRIAS RESISTENTES A CARBAPENÊMICOS

  • Gabriela Rodrigues Gabriel,
  • Thyciara Kristine da Costa Passos,
  • Caroline Gonçalves de Carvalho,
  • Maria Paula Pereira Gerlach,
  • Ligia Luana Freire da Silva,
  • Eliézer Menezes Vieira,
  • Maria Vitória Rodrigues Leite Macedo Felicio,
  • Franz Michael Steinacher,
  • Bianca Toyota Pinto,
  • Isabelle Hiromi Satori

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 104122

Abstract

Read online

Introdução: A resistência a carbapenêmicos em Enterobacteriaceae (CRE) constitui uma crescente ameaça à saúde pública, particularmente em ambientes hospitalares, impulsionando a busca por alternativas terapêuticas eficientes. O transplante de microbiota fecal (TMC) surge como uma intervenção promissora, visando restaurar a flora intestinal e minimizar a dependência de antibióticos tradicionais. Objetivo: Avaliar a eficácia do TMC no controle de infecções por CRE e investigar sua capacidade de restaurar a diversidade microbiana intestinal. Método: Foi realizada uma revisão integrativa utilizando a estratégia PICo, com pesquisa nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed, resultando na seleção de oito estudos pertinentes que foram submetidos a análise crítica e avaliação de seu nível de evidência. Resultados: O TMC demonstrou ser eficaz no controle de infecções por CRE. Estudos como Davido et al. (2017) revelaram eficácia limitada devido ao pequeno tamanho da amostra. Huttner et al. (2019) observaram uma taxa de sucesso de 41% na descolonização, comparativamente superior aos 29% do grupo controle. Saïdani et al. (2019) relataram que 80% dos pacientes tratados com TMC eliminaram a colonização por CRE, uma taxa significativamente maior que os 10% observados no grupo controle. Lee et al. (2021) documentaram um aumento progressivo na descolonização, atingindo 90% após cinco meses. Liu et al. (2022) confirmaram a eliminação completa de CRE, com mudanças substanciais na microbiota dos pacientes. Adicionalmente, Shin et al. (2021) e Hyun et al. (2022) reportaram melhorias a longo prazo e redução na expressão de genes de resistência, respectivamente. Bar-Yoseph et al. (2021) encontraram uma eficácia de 69,2% na erradicação de CRE após um mês. Conclusão: O TMC é uma alternativa viável e sustentável para o tratamento de infecções por CRE. Sua variabilidade de eficácia, influenciada pela cepa bacteriana, técnica de administração e contexto clínico do paciente, sublinha a necessidade de pesquisas adicionais para aprimorar protocolos de tratamento e expandir a aplicação do TMC. A melhoria da comunicação sobre os benefícios e a segurança do TMC é essencial para ampliar sua aceitação e efetividade.