Cadernos de Linguística (Sep 2022)
Quando o falante faz Linguística
Abstract
Tratamos neste ensaio teórico do saber linguístico do falante para além de sua competência linguística, focando especificamente em situações em que os falantes refletem sobre seus usos linguísticos. Baseando-se na nomenclatura empregada por Franchi (2006) e Geraldi (2013), defendemos que é possível encontrar na internet situações em que o falante emprega uma reflexão sobre sua língua de maneira particular, exercendo atividades epilinguísticas, e também situações em que o falante traça uma reflexão mais generalizada sobre questões linguísticas, através de atividades metalinguísticas, mesmo não empregando termos técnicos da área. Essas situações circulam sob diversos gêneros e inclusive alcançam repercussão através de virais, como memes, tuítes e tirinhas, e ilustramos neste trabalho casos assim através de comentários coletados no Twitter. Defendemos que essa sabedoria gramatical deve ser valorizada, tanto em sala de aula quanto no espaço acadêmico. Ilustramos a pertinência desse tipo de texto em práticas de divulgação científica, através de post produzido por uma das autoras. Discutimos também a possibilidade de incluir esses textos em aulas de língua portuguesa, especialmente considerando a etapa de descoberta proposta na metodologia de Lobato (2015). Da mesma forma, afirmamos que a manipulação de propriedades linguísticas por pessoas não especialistas pode ser acolhida em propostas de ciência cidadã, abrindo portas para um fazer científico mais participativo.
Keywords