Locus (May 2021)

sequestro dos estádios de futebol

  • Caio Lucas Morais Pinheiro

DOI
https://doi.org/10.34019/2594-8296.2021.v27.31064
Journal volume & issue
Vol. 27, no. 1
pp. 338 – 364

Abstract

Read online

O presente artigo examina os valores e os sentidos atribuídos por torcedores aos estádios de futebol diante dos embates em torno das novas arenas multiuso. A partir da experiência da Arena Castelão, localizada na cidade de Fortaleza, investigamos como os estádios de futebol se alicerçam enquanto bens culturais representativos de uma coletividade que ganham valor de patrimônio. À vista disso, o processo de arenização, ao atender as demandas de mercado e da lógica capitalista de produção do lucro no espaço futebolístico, provocou controvérsias e reações de diferentes agrupamentos coletivos de torcedores. Como sintoma e efeito das transformações hipermecantilizadas, este artigo avalia a emergência das torcidas antifascistas no século XXI em um quadro histórico mais amplo dos modelos coletivos do torcer, expressados por meio da metáfora do movimento primeira, segunda, terceira e quarta ondas. Dessa maneira, utilizando narrativas, imagens e periódicos como fontes históricas, sugerimos entender o processo de arenização como uma tentativa de sequestro dos mais genuínos valores, comportamentos, expressões e referência cultural que os estádios de futebol adquiriram, reordenamento imputado, portanto, à revelia dos torcedores.

Keywords