Revista Subjetividades (Jan 2024)

Mulheres, medicalização e grupalidade

  • Iasmin Sharmayne Gomes Bezerra,
  • Maria Teresa Lisboa Nobre Pereira,
  • Ana Karenina de Melo Arraes Amorim

DOI
https://doi.org/10.5020/23590777.rs.v24i1.e13920
Journal volume & issue
Vol. 24, no. 1

Abstract

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O discurso psiquiátrico tem produzido o uso excessivo de psicofármacos, sendo as mulheres as maiores consumidoras na atenção primária à saúde. Quando consideramos o cenário nordestino e sertanejo brasileiro e as questões de gênero, social e culturalmente constituídas nele, este problema desafia o cuidado em saúde mental. Assim, esta pesquisa-intervenção objetivou cartografar a participação de mulheres em sofrimento psíquico medicalizadas, num grupo de Gestão Autônoma de Medicação (GAM), no referido contexto. A pesquisa foi realizada durante 6 meses, em 24 encontros e os dados foram analisados, a partir de fragmentos narrativos de diários cartográficos e de registros de áudio, em três temas: 1. Produção do sofrimento psíquico no corpo das mulheres sertanejas medicalizadas e o silenciamento de mal-estares da condição de mulher-mãe-pobre-doméstica; 2. Experiências dessas mulheres em trabalhos afetivos e sexuais em relação ao seu sofrimento psíquico; e 3. Grupalidade GAM na vida dessas mulheres na produção de coletividade e de reflexões baseadas nos movimentos antimanicomial e sanitário. Concluímos que as relações de gênero são compositoras da medicalização na vida dessas mulheres e a grupalidade constitui espaço co gestivo de resistência, onde as mulheres se reconhecem como sujeitos autônomos em relações de poder e saber em que estão envolvidas.

Keywords