Princípios (Sep 2010)

A "pessoa" de Rudder Baker é realmente incorporada?

  • Jonas Gonçalves Coelho

Journal volume & issue
Vol. 15, no. 23
pp. 191 – 203

Abstract

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Alguns filósofos materialistas pensam, contra o dualismo de substância, que uma mente incorporada é apenas uma mente que depende de um corpo para existir, isto é, que a mente náo existe independentemente de um corpo. Tomarei como representativas deste ponto de vista muito limitado sobre incorporaçáo as idéias de Lynne Baker e sua Teoria da Constituiçáo de Propriedades. Baker diz que prefere enfrentar o problema da relaçáo pessoa e corpo em vez da relaçáo mente e corpo porque esta última formulaçáo implica a idéia de uma mente distinta e separada do corpo enquanto que a primeira está mais de acordo com sua concepçáo de uma mente incorporada e situada. O problema é que Baker esquece isso quando define pessoa em termos de perspectiva de primeira pessoa ou autoconsciência. Embora Baker diga que a autoconsciência depende de condições estruturais – um corpo – e ambientais – a situaçáo -, o que torna a pessoa humana autoconsciente uma entidade ontologicamente distinta do corpo que a constitui e de outros animais sáo suas realizações tais como arte, filosofia, ciência, moral, etc. Parece que, para Baker, a autoconsciência é náo apenas uma condiçáo necessária mas também uma condiçáo suficiente para aquelas realizações humanas, enquanto que o corpo desempenha apenas um papel indireto. Contra tais idéias nós podemos perguntar: as grandes realizações que distinguem pessoas humanas de outros animais seriam possíveis independentemente da constituiçáo biológica de nosso corpo e de suas necessidades?