Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)

RELATO DE CASO: TOXICIDADE CEREBELAR INDUZIDA POR CITARABINA DURANTE TRATAMENTO DE LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA (LMA)

  • BM Ribeiro,
  • MO Ughini,
  • PMS Gomes,
  • JWL Júnior

Journal volume & issue
Vol. 43
p. S176

Abstract

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Introdução: A citarabina é um dos quimioterápicos mais utilizados no tratamento de Leucemia Mielóide Aguda (LMA) e como desafio durante este temos os efeitos colaterais principalmente na terapia de altas doses. Relato de caso: Paciente de 38 anos que teve diagnóstico de Leucemia Mielóide Aguda com maturação e Tuberculose disseminada após investigação de pancitopenia em setembro de 2020. Iniciado protocolo 7+3 e RHZE (Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida, Etambutol). Evolução com sepse, apresentando piora de função renal com necessidade de terapia substitutiva renal e piora de função hepática (BT: 8,1; BD: 7,06; TGO: 182; TGP: 72; GGT: 124; FA: 316), sendo modificado tratamento tuberculostático para amicacina, levofloxacino e etambutol. Obtendo progressivamente melhora da função renal, sendo suspensa hemodiálise e melhora da função hepática. Realizou primeiro ciclo de HIDAC quando apresentava função hepática em melhora (BT: 2,57 BD: 2,01 FA:81 e transaminases dentro da normalidade) e perda leve de função renal (CKD-EPI: 71 mL/min x 1,73 m2). Dois dias após o término deste primeiro ciclo de HIDAC, evolui com disartria e marcha atáxica. Realizou Tomografia de Crânio sem alterações, realizando em seguida punção lombar com coleta de líquor e ressonância magnética de crânio, ambos também sem alterações. Avaliado pela Neurologia do serviço, concordantes com a hipótese de neurotoxicidade à Citarabina. Iniciado metilprednisolona 1 mg/kg por quatro dias, com melhora parcial dos sintomas. Discussão e conclusão: A citarabina penetra em sistema nervoso central, porém a fisiopatologia da neurotoxicidade é pouco compreendida e não há até o momento tratamento eficaz. Relatos sugerem possibilidade de remoção de líquor e uso de metilprednisolona para pacientes com sintomas. Até o momento há sugestão de que idade, dose cumulativa, disfunção hepática e renal são os principais fatores de risco, porém sem definição clara de ajuste de dose e tratamento adequados. Visto a neurotoxicidade ser uma intercorrência grave e com potencial redutor da qualidade de vida, a análise dos fatores relacionados e risco devem ser considerados.