Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

LYETX I-B COMO UM POTENCIAL ANTIMICROBIANO QUIMIOSSENSIBILIZADOR EM ISOLADOS DE ACINETOBACTER BAUMANNII MULTIRESISTENTES

  • Julio Cesar Moreira Brito,
  • Adrielle Pieve de Castro,
  • William Gustavo de Lima,
  • Simone Odília Antunes,
  • Valbert Nascimento Cardoso,
  • Maria Elena de Lima

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 102855

Abstract

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Introdução/Objetivo: Acinetobacter baumannii é um microrganismo que obteve notoriedade global como um patógeno nosocomial, principalmente no período de pós-pandemia pelo coronavírus (COVID-19), sendo responsável pela alta morbimortalidade nos centros de saúde e devido aos altos níveis de resistência a múltiplos antimicrobianos, especialmente aos carbapenêmicos (CRAB). Nesse contexto, objetivou-se ampliar o conhecimento do contexto da resistência bacteriana em isolados clínicos de CRAB frente ao peptídeo antimicrobino LyeTx IB que possa ser aplicado ao tratamento de infecções por esses isolados. Métodos: Foram incluídos na pesquisa 20 isolados clínicos de CRAB, identificados pelo método automatizado (Vitek®, bioMerieux, França) e pela caracterização por MALDI-TOF (MALDI Biotepy, Bruker, Alemanha). O peptídeo LyeTx I-B foi obtido da GenOne (Rio de Janeiro, Brasil). A concentração inibitória mínima (CIM) e bactericida mínima (CBM) dos antimicrobianos meropenem, ciprofloxacina, tigeciclina, polimixina B, colistina (polimixina E), levofloxacina, gentamicina e do peptídeo foram determinadas pelo método de microdiluição em caldo. Além disso, o possível efeito do peptídeo na ressensibilização e efeito sinérgico de uma linhagem de CRAB para os antimicrobianos convencionais foram avaliados. Resultados: O tratamento de CRAB por uma hora com metade da CIM de LyeTx I-B foi capaz de ressensibilizar diferentes antimicrobianos, com a redução da CIM de meropenem em duas vezes, de gentamicina em oito vezes e de levofloxacino em duas vezes em comparação às células não expostas. Essa atividade pode ser justificada devido à ação de lise do LyeTx I-B na membrana externa de A. baumannii permitindo que haja redução na expressão de bombas de efluxo e outros mecanismos intrínsecos que levam à resistência aos antimicrobianos nesses isolados. O peptídeo também apresenta efeito sinérgico com gentamicina e colistina, o que pode ser justificado devido ao LyeTx I-B favorecer o acúmulo de colistina na membrana bacteriana. Conclusão: Acinetobacter baumannii resistentes aos carbapenêmicos representa um grande desafio no combate às infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) principalmente associado às estratégias de tratamento. Este estudo mostrou pela primeira vez que uso do peptídeo LyeTx I-B é um potencial estratégia a ser utilizada, mesmo em baixa dose, como quimiossensibilizador em combinação com antimicrobianos no tratamento de infecções por isolados CRAB.

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