Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)
DIAGNÓSTICO DE ZIKA VÍRUS NO NORDESTE DO BRASIL DE 2016 A 2021: UM ESTUDO ECOLÓGICO
Abstract
Introdução: O vírus Zika (ZIKV) é um arbovírus, do gênero Flavivírus, transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes Aegypti, sendo o mesmo vetor responsável pela transmissão da Dengue e Chikungunya. Além disso, também é possível a transmissão vertical e sexual. No ano de 2015, na Bahia, foram descobertos os primeiros casos da doença no Brasil, ativando um estado de alarme, devido à sua alta virulência, que possibilitou uma maior disseminação da doença. De modo geral, a doença é autolimitada, entretanto, quando contraída na gestação, pode acarretar prejuízos ao feto, como anomalias congênitas, a exemplo da microcefalia. Dessa forma, esse estudo tem o propósito de determinar e comparar as taxas de notificação do Zika Vírus, no período de 2016 a 2021, no Nordeste do Brasil. Métodos: Estudo ecológico quantitativo de série temporal, com dados referentes ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, especificamente do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) - Zika Vírus. Foram determinadas as opções de busca: ano de diagnóstico, região Nordeste e Unidade de Federação (UF) da Notificação. As taxas foram calculadas com base no Estudo de Estimativas Populacionais. Resultados: No decorrer do período analisado (2016-2021), foram notificados 144.394 casos de Zika Vírus na Região Nordeste, correspondendo a 35% dos casos totais do Brasil. Foi observado uma variação das taxas anuais, obtendo valor máximo de 162,34/100.000 habitantes em 2016, e valor mínimo de 9,9/100.000 habitantes, em 2018. Dos estados da região Nordeste, a Bahia revelou maior taxa de prevalência, representando mais da metade dos casos totais (51%). O Ceará ocupou o segundo lugar, correspondendo a 11% do total. Já o Piauí, teve a menor taxa de todas UF, contabilizando 1% das notificações totais. Conclusão: Nos anos averiguados, observou-se um pico no ano de 2016, acompanhado de uma queda dos números até 2018. Em seguida, foi constatado um aumento das taxas de notificação. Revisões de literatura evidenciaram que o pico epidêmico ocorreu entre 2015 a 2016, sendo compatível com o presente estudo. A visualização desses números, permite o planejamento de controle da doença e redução da morbimortalidade. Dentre as medidas adotadas, destaca-se ações voltadas ao controle do mosquito, eliminando os criadouros do vetor e definir áreas de vulnerabilidade de transmissão, priorizando locais onde há concentração de pessoas.