Revista Latino Americana de Estudos em Cultura e Sociedade (May 2019)

Memória Coletiva e Objetos Biográficos: estudo dos oratórios em Minas Gerais/Brasil do período colonial

  • Nadja Maria Mourão,
  • Ana Célia Carneiro Oliveira

DOI
https://doi.org/10.23899/relacult.v5i5.1572
Journal volume & issue
Vol. 5, no. 5

Abstract

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O cotidiano da sociedade emerge das tradições de um povo e do seu convívio com o entorno. Alguns objetos recebem uma carga emotiva da vida humana e podem se transformar em objetos biográficos - que representam a cultura de uma sociedade. A memória coletiva é o conjunto de fatos escolhidos por um grupo social, com significados que constituem sua identidade, seus hábitos, sua cultura e tradições. Este trabalho apresenta o estudo dos oratórios, objetos biográficos oriundos da cultura portuguesa, identificados pela memória coletiva, de comunidades do Estado de Minas Gerais, desde o período colonial. A metodologia se realiza pela pesquisa bibliográfica de contextos temáticos e históricos. Em definição, oratório é um nicho ou armário, como uma capela doméstica. Essa pequena capela surgiu na Idade Média, como local para orações e reflexões, para o rei dedicado às práticas religiosas. Os oratórios são objetos que se estabeleceram na cultura mineira, sendo encontrados desde os grandes casarões até em senzalas, desde os tempos do Brasil Colônia. Há registros destes altares nas famílias devotas, que tem o desejo de guardar as relíquias e os objetos de piedade, em atitudes de intimidade com o mundo do sagrado. Os oratórios eram passados de mãe para filha, que guardavam os objetos de devoção em seus quartos e, quando se casavam, eles eram conduzidos para a nova família. Alguns oratórios são bem rebuscados, com entalhes, pinturas e diversos ornamentos. Outros oratórios são simples, como se fossem apenas pequenos armários. Os diversos materiais, tamanhos e estilos mostram hábitos e tradições. Além da influência da cultura portuguesa e seus artistas, são encontrados registros de entalhes de artistas espanhóis e franceses, que ajudaram a manter a herança da religiosidade nas famílias brasileiras. Contudo, esses objetos se constituem na diversidade da cultura mineira, oriundas da memória coletiva de seu povo.

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