Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

LEPTOSPIROSE EM PACIENTE COM ARTRITE REUMATOIDE: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO - RELATO DE CASO

  • Lucas Lopes de Souza,
  • Lucas Lopes de Souza,
  • Leonardo Gusmão Ramos,
  • Fernanda Costa Sant'Anna,
  • Rafaela Mineiro Oliveira de Souza,
  • Ana Luiza Carneiro de Freitas,
  • Alessandra Shirley Pereira dos Santos

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 101819

Abstract

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O objetivo desse relato de caso foi demonstrar as particularidades no diagnóstico e possíveis diagnósticos diferenciais em pacientes imunossuprimidos com síndrome febril aguda. Paciente feminina, 37 A, auxiliar administrativo, portadora de artrite reumatoide, imunossuprimida em uso de Simponi associado a Metotrexato 10 mg/semana, com diagnóstico anterior de tumor desmóide em 2016. Após a 2ª dose de Simponi, cursa com quadro agudo de cefaleia de característica persistente, refratária a uso de sintomáticos, acompanhado de náuseas, com queda relativa do estado geral, sudorese de característica noturna, mialgia difusa e episódios recorrentes de febre. Durante esse período foi imunizada com a 2ª dose da vacina para o covid-19. Após a vacinação surgiu nova sintomatologia, disúria isolada. Diante disso, conduzimos com a internação hospitalar para rastreio infeccioso e vigilância clínica. Foi interrogado descompensação infecciosa viral, ITU, reação medicamentosa de suspeição pouco provável e doença hematológica. Foi solicitado laboratório completo, incluindo sorologias virais para citomegalovírus, EBV, parvo vírus, toxoplasmose, leptospirose, hemocultura de 2 amostras de sítios diferentes, EAS e urocultura, ferritina e triglicerídeos devido a febre com alterações de transaminase, aventando um possível quadro viral desencadeado por síndrome hematofágica. Complementando com exames de imagem, como USG de abdome total para avaliar a possibilidade de hepatoesplenomegalia e USG de cervical para avaliar linfonodos. Paciente evolui com piora clínica em vigência de dor abdominal. Solicitada tomografia de abdome, apresentando imagem com vesícula parcialmente distendida, associado à presença de líquido perivesicular, A clínica cirúrgica opta por abordagem invasiva, sendo realizado colecistectomia videolaparoscopia. No pós-operatório, ficando aos cuidados intensivos pela UTI e escalonado para tazocin (D10). Após resultado da sorologia para leptospirose com IgM reagente interrompeu uma longa série de exames negativos e febre prolongada, sem diagnóstico. Apresentou evolução clínica satisfatória, resultando em alta hospitalar. A artrite reumatoide é acompanhada de sintomas constitucionais inespecíficos, principalmente a febre baixa em pacientes imunossuprimidos. O diagnóstico de leptospirose foi concluído mais tardiamente, quando os exames da admissão foram disponibilizados. Um caso de uma enfermidade de alto impacto, contudo negligenciada como problema de saúde pública.