Revista Ciência em Extensão (Oct 2010)

Educação ambiental sobre manguezais na baixada santista: uma experiência da UNESP/CLP

  • Marcelo Antonio Amaro Pinheiro,
  • Camila Mayumi Hirata dos Santos,
  • Alison Carlos Wunderlich,
  • Flávia Milão-Silva,
  • Williane Cristine Peres-Costa

Journal volume & issue
Vol. 6, no. 1
pp. 19 – 27

Abstract

Read online

À Universidade não cabe somente a pesquisa científica, mas sua tradução em linguagem acessível à comunidade, cumprindo assim seu papel social e seu compromisso na divulgação do conhecimento. Desde 1998, o Grupo de Pesquisa em Biologia de Crustáceos (CRUSTA) tem desenvolvido pesquisas sobre a biologia e manejo de uma das espécies mais importantes do Ecossistema Manguezal: o caranguejo-uçá (Ucides cordatus). Para a tradução e transmissão dos conhecimentos gerados pelos Projetos Uçá I (1998-2002) e Uçá II (2003-2006), ambos financiados pela FAPESP, foi elaborada uma cartilha de educação ambiental, sob a forma de estória em quadrinhos, onde o assunto foi abordado com profundidade e muito humor, numa linguagem acessível aos agentes disseminadores (professores do Ensino Fundamental) e seus alunos. Na estória duas crianças (Gu & Gui) descobrem o manguezal, conhecendo o Prof. Magrão, um estudioso deste ambiente e do caranguejo-uçá. Maravilhados, são despertados para a importância dos manguezais, conhecendo suas princiapis características, fauna e flora. Embora a estória seja centrada no ciclo de vida do caranguejo-uçá, outras espécies constam da trama, fazendo com que a criança possa absorver todas as nuances deste ambiente. Ao final da estória são apresentadas atividades lúdicas, com as quais as crianças aprendem brincando (p. ex., figuras para colorir, ligar-pontos, caçar palavras e uma dobradura em papel que resulta em um caranguejo). As atividades são divididas em quatro etapas: 1) quantificação do conhecimento das crianças sobre os manguezais, por pintura de um desenho que representa este ecossistema (verde = certo; e vermelho = errado); 2) as crianças participam de uma palestra (15 minutos); 3) as cartilhas são distribuídas gratuitamente a todas as crianças, deixando-as inspecionar por algum tempo; e 4) as crianças são novamente submetidas a uma nova avaliação por pintura de desenho, para a quantificação dos conhecimentos adquiridos por comparação com o inicial. Comparamos o presente projeto de educação ambiental a um pequeno propágulo (semente de mangue), que somente se desenvolve em árvore robusta quando cai ao solo e é nutrido, freqüentemente, pelo processo educacional. O uso da cartilha de educação ambiental em linguagem acessível vem atuar como agente catalisador e promotor de mudança de condutas. A cartilha “fala por si”, não necessitando do acompanhamento de um professor, mas sim seu apoio, bem como da família das crianças, que certamente será procurada para sanar possíveis dúvidas, particularmente no desenvolvimento das atividades lúdicas. Trata-se de uma das maneiras de disseminação do conhecimento para a comunidade, que certamente se interessará pela estória destes dois meninos que conheceram a importância dos manguezais e sua necessidade de preservação para as gerações futuras.

Keywords