Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)
Implantação do Antimicrobial Stewardship Program em Hospital Universitário em Salvador, BA: relato de experiência
Abstract
Introdução: infecções continuam sendo a maior indicação de hospitalização nas enfermarias e unidades de terapia intensiva pediátrica (UTIP) no mundo. Antibióticos de amplo espectro na assistência à saúde, tanto para infecções adquiridas na comunidade, quanto em infecções nosocomiais têm contribuído para as emergentes bactérias multidroga resistentes, bem com o aumento de limitações de tratamento desses patógenos. A Sociedade Americana de Doenças Infecciosas define os programas de Antimicrobial Stewardship Program (ASP) como um grupo de intervenções coordenadas, designadas a melhorar e mensurar o uso apropriado de antimicrobianos através da seleção do melhor regime da terapia antimicrobiana, incluindo o fármaco apropriado para o agente da infecção, via de administração e duração do tratamento, além de diminuir custos desnecessários com assistência à saúde. Objetivo: Descrever um relato de experiência da implantação do ASP com uma equipe multidisciplinar em uma UTIP. Método: Inicialmente a instituição passou por um processo seletivo para ser tutorada pelo Hospital Pequeno Príncipe na implantação do ASP. Após reuniões de alinhamento, análise do perfil de uso de antimicrobianos na instituição a partir de dados de consumo e custo (curva ABC) e do perfil microbiológico da UTIP, foi instituído um time para operacionalizar o ASP composto por uma infectologista da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, uma farmacêutica clínica, uma microbiologista, e a coordenadora médica da UTIP, sendo estabelecido uma visita multidisciplinar semanal para discutir os pacientes em uso de antimicrobianos. Foram definidas duas metas iniciais: reduzir o uso de Meropenem, considerando como fator estratégico o combate à resistência bacteriana, e controlar uso da Micafungina, considerando parâmetros farmacoeconômicos. Resultados: foi realizado um estudo microbiológico dos patógenos mais comuns e seu padrão de sensibilidade, demonstrando o perfil epidemiológico da UTIP, a fim de guiar tratamentos empíricos. Foram criados dois indicadores: um para caracterização dos sítios de infecção, avaliação de culturas, microrganismos identificados, tratamento utilizado e o desfecho clínico de cada paciente; o segundo trata-se de uma monitorização de intervenções relacionadas ao uso de antimicrobianos e incluem problemas relacionados à indicação, segurança e efetividade. Foram criados canais de comunicação entre o time, a fim de otimizar e agilizar condutas sobretudo, com a parceria do laboratório de microbiologia, que possui papel importante para a prescrição correta de antimicrobianos, identificando e determinando os patógenos causadores de infecções. Esses resultados viabilizam a reavaliação e a readequação da terapia antimicrobiana prescrita empiricamente. Conclusão: Os resultados preliminares obtidos apontam para uma melhoria do cuidado e racionalização de uso dos antimicrobianos, descalonando terapia sempre que possível, assim como uma tendência a redução dos custos globais.