Jornal de Assistência Farmacêutica e Farmacoeconomia (Feb 2023)

Análise do perfil epidemiológico de pacientes soropositivos submetidos aos esquemas terapêuticos simplificados no Ambulatório Magalhães Neto

  • Dulce Brás Impene Combo,
  • Fernanda Fontenelle,
  • Jane Carneiro,
  • Diego Silva,
  • Hermes Augusto,
  • Lúcia de Araújo Costa Beisl Noblat

DOI
https://doi.org/10.22563/2525-7323.2022.v1.s2.p.28
Journal volume & issue
Vol. 1, no. s.2

Abstract

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Introdução: Embora as opções de tratamento tenham se expandido significativamente, o vírus da imunodeficiência humana (HIV) continua sendo um importante problema de saúde pública global. Estima-se que 37,7 milhões de pessoas vivem com HIV e 27,5 milhões estão agora em tratamento. A terapia antirretroviral (TARV) vem apresentando avanços importantes nos últimos anos. Regimes simplificados melhoram a adesão e os desfechos clínicos, reduzem o número de antirretrovirais que as pessoas que vivem com HIV (PVHIV) estão expostas e podem potencialmente diminuir a toxicidade e os custos associados ao tratamento. Neste contexto, urge a necessidade de analisar o perfil epidemiológico dos pacientes soropositivos submetidos aos esquemas terapêuticos simplificados no Ambulatório Magalhães Neto. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico de pacientes soropositivos submetidos aos esquemas terapêuticos simplificados no Ambulatório Magalhães Neto. Métodos: Estudo observacional de coorte retrospectivo realizado no Ambulatório Magalhães Neto vinculado a Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os dados foram coletados de Janeiro à Agosto 2022. Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos, que já haviam sido submetidos a esquemas terapêuticos antirretrovirais no passado, sem distinção de sexo, e com TARV simplificada no período de 01/2017 à 05/2022. Foi definido TARV simplificada como mudanças de um regime terapêutico prescrito para reduzir a posologia e/ou o número total de medicamentos considerando dupla terapia ou regime com 2 medicamentos prescritos. Os dados analisados foram retirados dos prontuários médico, assim como, foram coletadas informações contidas no site sistema de informação de exames laboratoriais (SISCEL) e do sistema de controle logístico de medicamentos (SICLOM). Foram utilizadas as seguintes variáveis neste estudo: sexo, raça, idade, esquema terapêutico prescrito, data de início da TARV, tempo de tratamento ao HIV, quantidade de esquemas terapêuticos prescritos, classe terapêutica das ARVs atuais, carga viral e o desfecho virológico. Os dados foram digitados em um banco de dados elaborado no Microsoft Excel, sendo posteriormente exportados e analisados no software estatístico JAMOVI, versão 2.2.5. Foram feitas análises estatística descritiva, com variáveis categóricas e quantitativas. Resultados e Discussão: Foram avaliados 214 pacientes dos quais 65,42% (N=140) do sexo masculino, a média da idade dos pacientes foi de 56,04 anos (N=214), majoritariamente pardos 54,21% (N=116), seguidos de negros 11,68% (N=25). A mediana de tempo de início da TARV foi do ano 2004 e o tempo de exposição aos ARVs correspondente a uma mediana de 16,5 anos no sexo masculino e 19,5 anos no sexo feminino. Foram identificados 14 esquemas terapêuticos simplificados prescritos, o qual o mais prescrito foi DTG+3TC correspondente a 75,7%, seguido de DRV/RTV+DTG 12,61%, e o terceiro ATV/RTV+DTG 4,21%, a média do tempo de uso de esquemas simplificados correspondeu a aproximadamente 50 semanas de exposição com uma boa resposta de supressão virológica correspondente a 94,85% (N=203) . Conclusão: Os resultados do estudo corroboram com a literatura demonstrando uma boa resposta virológica em esquemas simplificados, contudo, chama-nos a atenção no perfil dos pacientes com estes tratamentos, que são majoritariamente homens e adultos, abrindo margem para uma melhor otimização da terapia em jovens e mulheres.